Um dia ele vai crescer.
As birras que tanto me custam, vão acabar.
Um dia ele vai largar a chupeta, a fralda. Andar, falar, e até dormir a noite toda.
Um dia, o chamar o meu nome a cada dez minutos, vai-se tornar num “agora não mãe”.
A sala já não vai ter brinquedos espalhados.
O sofá já não vai ter migalhas de bolachas.
Um dia a nossa cama já só será nossa de novo, já vamos dormir a noite toda sem pés, nem mãos na nossa cara, sem interrupções.
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Um dia a casa não irá ter gritos. Não vai ter o som de músicas infantis. Não vai ter risos e gargalhadas. Vai permanecer o silêncio, que por tantas vezes peço agora sem pensar.
Um dia já não iremos ao parque 50 vezes na mesma semana, nem dar pão aos patos, sempre que passamos perto do lago.
Um dia as minhas paredes irão estar imaculadas, sem riscos, nem pinturas abstratas.
Um dia voltarei a ir à praia em sossego, beber um café sem ser interrompida.
Um dia vou querer a sua atenção, e vai ser o meu filho, demasiado ocupado na sua vida que não me vai poder dar. Tal e qual todas aquelas vezes que eu não lhe pude dar, porque estava demasiado ocupada.
Um dia, a casa vai estar vazia, vai estar repleta de silêncio, vou poder descansar. Nesse dia, só quero poder ter a certeza, que apesar de tudo, aproveitei cada momento, e que mesmo estando tudo sossegado e em silêncio, as memórias gritam pela felicidade que vivenciámos, ainda que com todas as dificuldades, e das vezes que tão imperfeitos fomos.
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Texto: Vanessa de Carvalho do blogue Maternidade de Cabelos em Pé
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