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Sexo depois do parto: «O medo da dor, o medo de não estar à altura, que ele não me desejasse»

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publicado há 4 anos
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Os assuntos sobre sexo são discutidos de forma diferente por todas as pessoas. Há quem viva a sexualidade de forma mais intensa e aberta, mas também há quem se iniba em tocar num tema tão íntimo e pessoal.

Cada individuo vive a sua sexualidade de uma forma totalmente diferente, principalmente depois de nascer um filho. Por isso mesmo, as mulheres não devem comparar-se umas às outras. Não há uma altura certa para retomar a vida sexual do casal.

LEIA MAIS AQUI: Saiba quando deve retomar a vida sexual após o parto

No entanto, a maioria das mulheres tenta sempre perceber esta nova realidade da falta de desejo depois da maternidade. Em 2014, Vanessa Muxagata escreveu um texto no blogue Para Lerem Quando Crescerem, confidenciando a sua experiência pessoal. Aqui é retratado na perfeição o que uma mulher poderá viver e sentir a nível sexual depois da maternidade. Mas cada caso é um caso, e a jovem realça isso mesmo.

Leia aqui o seu texto:

«Quando a maternidade bateu à minha porta, esta de imediato ocupou o papel principal na minha vida, toda a minha vida girava à volta da bebé, todos os meus poros respiravam bebé, não havia mais nenhum assunto que ocupasse ou interessasse à minha cabeça, estava realmente imbuída, embrenhada neste meu novo papel, esquecendo tudo o resto que me rodeava.

Passado pouco tempo, a minha mãe perguntou-me se eu já tinha retomado a minha vida sexual, vida quê? Essa era uma vida apagada e esquecida na minha cabeça, não havia espaço, nem interesse nesse assunto.

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Aos poucos comecei a pensar nisso, depois comecei a pensar mesmo seriamente e apoderou-se de mim um medo, deitava-me lentamente na cama para ele não dar por mim, afastava-me para não lhe tocar, ou ia a correr mais cedo do que ele para a cama para quando chegasse eu estivesse a dormir, sabia que talvez estivesse a ser egoísta mas e o medo?! O medo da dor, o medo de não estar à altura, o medo de ele olhar para mim com outros olhos e que não me desejasse, afinal a minha barriga era agora flácida, e o peito mole e descaído, a vergonha dos quilos a mais, não me sentia confortável no toque e pensava no que ele ia pensar, reagia ao toque encolhendo-me ou acrescentava uma peça de roupa pensando ainda: e se eu não tivesse prazer? Não me sentia capaz de me entregar. Como me conseguia eu entregar se eu não me aceitava fisicamente?

O afastamento físico, por vezes, levava à perda de cumplicidade, de intimidade e isso assustava-me, e se ele salta fora? Aliado ao facto de ter uma bebé, ter que trabalhar, ter uma casa ainda tinha sobre os ombros esta responsabilidade… tive muitas vezes vontade de até avançar, mas o medo falava mais alto, tinha vontade que fosse ele a dar o primeiro passo, queria que me facilitasse a vida, mas estava tão insegura que também não tinha coragem de lhe dizer. Ele não avançava, percebia e sabia dos meus medos e receios e respeitava-me, às vezes era um alivio ele não avançar, outras vezes, pensava que se não avançava não queria saber de mim, não estava interessado, já não gostava de mim, ou se até tentava avançar já não me estava a respeitar, preciso de tempo, de arrumar as ideias, hormonas são vocês?

Aliado ao medo, o cansaço, a privação de sono, no fim do dia só queria chegar à cama e tentar dormir as poucas horas que a bebé me deixasse.

Depois do medo e do cansaço, as hormonas, caramba afinal eram mesmo elas…

Estas hormonas revoltadas que teimavam em tomar conta da minha personalidade, da minha vontade própria, amamentar desencadeia uma alteração hormonal que muitas vezes faz com que haja uma alteração da libido e existe uma baixa de produção de estrogénio que interfere negativamente na sexualidade, o aumento da Prolactina, hormona que provoca a anti líbido, o anti desejo sexual leva à diminuição do estrogénio que dificulta a lubrificação vaginal que causa o desconforto, o que acarreta a perda de desejo por associar a relação sexual à dor e que bloqueia a produção de testosterona.

Como é que eu podia fazer frente a isto? Testosterona onde andas tu? É que ele caiu num caldeirão.

Neste assunto, julgo que a cabeça recupera bem mais devagar do que o corpo, a vida sexual é certamente um dos pontos mais afetados na relação de um casal depois da chegada dos filhos, por uma mistura de questões hormonais, físicas, emocionais e até mesmo de prioridades, mas é uma fase até serem ultrapassados todos os medos, depois tudo volta ao normal e passado algum tempo já estamos a pensar em engravidar outra vez e, nessa altura, somos nós quem pensamos em sexo a toda a hora.

Este é um assunto sem fim, com opiniões, vivências e experiências tão próprias, mas atrevo-me a falar no plural para afirmar que retomar a vida sexual depois do parto é assunto que mete medo a muitas mulheres.»

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