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Humorista em choque com violência contra mulheres: «Eu não sabia e peço desculpa por isso»

Redação
publicado há 5 anos
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Diogo Faro está indignado com os relatos de violência que cerca de duas mil mulheres têm partilhado com ele. E com tudo o que lê, o humorista só diz que «esta merda tem mesmo de começar a mudar!»

Desde o início do ano já morreram, em Portugal, 13 mulheres vítimas da fúria e da maldade de companheiros ou ex-companheiros.

A onda de indignação tomou conta do país e criaram-se vários movimentos contra a violência. Mas não são apenas as mulheres que marcam presença na linha da frente destes protestos. Há homens que também se indignam com esta dura realidade e Diogo Faro é exemplo disso.

O humorista, que ficou conhecido nas redes sociais como Sensivelmente Idiota, lançou um desafio e a adesão foi muito maior do que se imaginaria. «Mulheres, estou a fazer um trabalho – prometo que vai valer a pena – e precisava de falar com quem já tenha sido sexualmente assediada: piropos nojentos, apalpada, masturbarem-se para vocês… todo esse tipo de nojo. Claro que garanto confidencialidade. Quem puder participar (…) mandem-me só um e-mail a dizer “eu” que eu responderei a explicar tudo», escreveu a 11 de março.

Mais de dois mil relatos impressionantes

Desde então, a caixa de e-mail do humorista foi completamente invadida por dramas, por relatos de violações, de assédio, de histórias que deixam qualquer ser humano sem palavras e com um “nó na garganta”.

No Instagram, Diogo tem partilhado apenas alguns dos testemunhos que recebeu (passaram os dois mil!!!!) e tem-se mostrado, verdadeiramente revoltado e enojado com aquilo que lê.

Posto isto, Diogo escreveu um post para todas as mulheres, que está a tornar-se viral.

 

 

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EU NÃO SABIA, E PEÇO DESCULPA POR ISSO // Eu, tal como todos os homens do país, devo-vos um enorme pedido de desculpas a todas vocês, mulheres. Eu não sabia. Eu demorei anos a perceber, demorei anos a valorizar, demorei anos a não normalizar. Do alto do privilégio de ser homem que eu não percebia ter, não conseguia ver como a vossa vida normal é andarem com as chaves de casa entre os dedos quando estão sozinhas para o caso – habitual – de um anormal se meter convosco na rua. Não conseguia entender o nojo e a insegurança que sentem ao ouvir repugnantes piropos na rua que, em tomadas de um poder que ninguém lhes deu, os homens acham que o podem fazer. Eu não sabia que milhões de vocês, a começar em miúdas muito pequenas até serem mulheres adultas, já tiveram que levar com um pedaço de lixo humano a masturbar-se para vocês na rua ou nos transportes públicos. Eu não sabia que milhares de vocês têm de ouvir comentários de chefes ou colegas sobre a vossa aparência, a ouvir coisas como “sabes bem o que podias fazer para subir cá dentro” ou “faz lá o jeitinho ao homem que sempre vendemos mais qualquer coisa”, ou que chegam até a ser assediadas fisicamente, violentadas. Eu não sabia que milhares de vocês são agredidas física e psicologicamente, e até violadas, no namoro ou no casamento. Eu não sabia o quão desvalorizadas são constantemente todas as vossas histórias, sobre qualquer que seja destes casos, por polícias, professores/as, colegas de trabalho ou de turma, amigos e até familiares, porque o machismo está tão enraizado, desde o nível mais baixo até acabar na morte de mulheres, que a maior parte destas merdas passa por normal, porque é mesmo assim, porque “é só os rapazes a serem rapazes”. Não. Não é normal. Ser rapaz ou ser homem não é ser escumalha com pila sem a mínima consideração das mulheres. Sem a mínima consideração por seres humanos iguais a si. Desculpem ter demorado tanto tempo a perceber. Eu não sabia mesmo. Mas agora já sei e agora não me volto a calar. Bora, juntem-se todos porque não é uma luta delas, é de todos. Esta merda tem mesmo de começar a mudar. #nãoénormal #estamerdatemmesmodecomeçaramudar

Uma publicação partilhada por Diogo Faro (@diogofaroidiota) a

Leia a publicação, em baixo:

«Eu não sabia, e peço desculpa por isso! 

Eu, tal como todos os homens do país, devo um enorme pedido de desculpa a todas vocês, mulheres. Eu não sabia. Eu demorei anos a perceber, demorei anos a valorizar, demorei anos a não normalizar.

Do alto do privilégio que eu não percebia ter, não conseguia ver como a vossa vida normal é andarem com as chaves de casa entre os dedos quando estão sozinhas, para o caso – habitual – de um anormal se meter convosco na rua.

Não conseguia entender o nojo e a insegurança que sentem ao ouvir repugnantes piropos na rua que, em tomadas de um poder que ninguém lhes deu, os homens acham que o podem fazer.

Eu não sabia que milhões de vocês, a começar em miúdas muito pequenas até serem mulheres adultas, já tiveram que levar com um pedaço de lixo humano a masturbar-se para vocês na rua ou nos transportes públicos.

Eu não sabia que milhares de vocês têm de ouvir comentários de chefes ou colegas sobre a vossa aparência, a ouvir coisas como “sabes bem o que podias fazer para subir cá dentro” ou “faz lá o jeitinho ao homem que sempre vendemos mais qualquer coisa”, ou que chegam até a ser assediadas fisicamente, violentadas.

Eu não sabia que milhares de vocês são agredidas física e psicologicamente, e até violadas, no namoro ou no casamento.

Eu não sabia o quão desvalorizadas são constantemente todas as vossas histórias, sobre qualquer que seja destes casos, por polícias, professores/as, colegas de trabalho ou de turma, amigos e até familiares, porque o machismo está tão enraizado, desde o nível mais baixo até acabar na morte de mulheres, que a maior parte destas merdas passa por normal, porque é mesmo assim, porque “é só os rapazes a serem rapazes”.

Não. Não é normal. Ser rapaz ou ser homem não é ser escumalha com pila sem a mínima consideração das mulheres. Sem a mínima consideração por seres humanos iguais a si.

Desculpem ter demorado tanto tempo a perceber. Eu não sabia mesmo. Mas agora já sei e agora não me volto a calar.

Esta merda tem mesmo de começar a mudar.»

 

Fotos: Reprodução Instagram

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