Futuro? Sonhos? Escolhas?
Curso a escolher no 10.º ano?
Matemática? Gosto? Não sou bom aluno? Gosto mas não sou bom aluno??
Faculdade?
Quem disse que vou estudar na faculdade?
Vale a pena estudar?
Sonhos?
Deixem-me sonhar…mas acordem-me para a realidade! Realização profissional como saber o que significa?
Como é que os nossos adolescentes pensam o seu futuro? Como escolher um curso superior se for esse o caso?
Há tantos adolescentes que com 14, 15 anos não sabem o que gostam, não conseguem escolher, têm dificuldade em tomar decisões… e isso é normal! No mundo em que hoje vivemos com tanta oferta, novos estímulos, tantas atrações e tantas novidades, como saber à partida qual o caminho a seguir em direção a um futuro que ser quer promissor?
Podemos começar por ajudar a pensar no que não gostam, o que não se imaginam a estudar, nem a gostar, nos temas ou nas disciplinas que estão na lista das que menos gostam.
Pode ser uma ajuda na escolha da opção a tomar no 9.º ano.
Se não conseguem decidir por onde vão podemos ajudar a que percebam por onde não vão e assim ficar com um leque de cursos menor.
Claro que é importante que os adultos, pais e professores, ajudem o adolescente a entender o que é gostar e o que é “fugir” ao que dá trabalho e exige esforço!
«Onde os meus Talentos e Paixões encontram as necessidades do mundo, lá está o meu caminho, lá está o meu lugar»
Aristóteles
Sugiram aos vossos filhos, aos vossos alunos, que estão neste dilema, que comecem por pensar no futuro analisando três prismas diferentes:
– o que gostam e sentem paixão em fazer (não têm de ficar restritos àquilo que hoje chamamos profissões… deixar as ideias surgirem em modo “chuva de ideias”);
– seja o surf, a guitarra, o futebol, o brincar com crianças, o adorar contar histórias, a representação, o gostar do palco, o gosto pela política, a aventura, a organização, a decoração;
– onde se sentem mais talentosos, o que consideram ter jeito de facto para fazer;
– o gosto pela história, pelas línguas, o talento para o desporto, talento para ouvir, gosto por ensinar, ser empreendedor, ser criativo, gostar de vida fora de rotina, natureza, animais, adorar agenda, rotina, organização e horários fixos;
– o que podem fazer que seja fonte de receita, que nos paguem para que façamos essa atividade ou tarefa ou profissão;
– temos hoje profissões que não imaginamos possíveis e todos os anos surgem outras, algumas estranhas mas tantas diferentes e algo inesperadas… há o organizador pessoal, o coaching, o personal trainer, a consultora de imagem, os localizadores de icebergs, os chef de cozinha, peritos em cake design, pessoas que se dedicam a entregar pequenos almoços ao domicilio, surgem os apanha bolas em lagos de golfe, os “empurrador de pessoas” no metro de Tóquio e também já em Madrid… por isso não devemos travar a imaginação.
O ideal é que ao preencherem os três círculos encontrem pontos comuns, tarefas que adorem fazer e tenham talento, tarefas que tenham jeito e que acreditem possam vir a ser pagos para que as exerçam, e/ou atividades ou tarefas ou profissões pagas em que sintamos uma verdadeira paixão.
Se conseguirem encontrar algo que gostem de facto de fazer com paixão, um talento reconhecido e algo que seja pago, porque precisamos todos desta componente para organizar a nossa vida… será a vida de sonho.
Mais tarde, com menos dúvidas e mais maturidade, se ainda for necessário, podemos aprofundar e pensar de quatro diferentes ângulos:
– o que GOSTAS de fazer?
– o que és ÓTIMO a fazer?
– o que PRECISA o mundo?
– o que podes fazer que te PAGUEM por isso?
Matemática? Gosto? Não sou bom aluno? Gosto mas não sou bom aluno??
Não temos dúvida que quando os alunos “fogem” à matemática à entrada do 10.º ano deixam um mundo de opções que exigem prova de ingresso dessa disciplina que ficam imediatamente suspensos.
Se não gostam, se não se identificam e se revelam verdadeiras dificuldades… se outras disciplinas os atraem bem mais e os fazem sentir mais realizados então porque não?
Mas abrem outro mundo de opções, outro mundo de oportunidades… e hoje nada é definitivo, nem as disciplinas no secundário nem o curso superior em que ingressam, nem a área que escolhem para fazer o mestrado… Por isso, com os pés na terra e a cabeça nos sonhos deixem fluir e entendam que mesmo quando é necessário dar um passo atrás, às vezes é a força necessária para dar dois passos à frente!
Mesmo o que hoje parece definitivo, tantas vezes, não o é e será…
O desafio é conversar com o filho, ouvir e permitir que ele também ouça diferentes opiniões, diferentes experiências.
Fazê-lo parar e pensar: a matemática faz parte de situações em que me sinto bom no que faço? Faz parte de alguma tarefa que indiquei como ser um talento?
Nenhum futuro será só sonho e coisas boas… o esforço, o trabalho e o empenho terão de ser constantes e devemos transmitir-lhes isso. Serão tanto melhores quanto maior a capacidade de trabalho que terão, isso fará a diferença!
Será que a matemática faz parte do que gostam ou do que têm talento ou até de alguma atividade que seja remunerada?
Devemos tentar concretizar e ser realistas com os talentos e as paixões porque por vezes até gostamos muito de áreas em que o nosso talento é mínimo e assim sendo ou tentamos encontrar outro caminho ou temos de nos tornar mais capazes, o que nem sempre é realista de acontecer.
De que me serve adorar ballet e pensar que poderia ter uma carreira nessa área, se o meu corpo não tem elasticidade nenhuma? Até tenho paixão mas não tenho talento e assim sendo talvez não me paguem para isso… mas isto é só um exemplo!
Se isto vai fazer falta na sala de aula de matemática? Vai! Nem imagina quanto!
Texto: Inês Ferreira Cruz, autora do blogue Inês Ferreira Cruz