A ideia de que a ajuda psicológica se destina apenas e só a pessoas que a sociedade intitula de “maluquinhas” é errada. O preconceito existe há anos, embora se torne «cada vez mais claro para a maioria das pessoas» que um mal-estar psicológico e uma doença mental são estados distintos.
Quem o explica é a psicóloga Sofia Moura. A especialista revela que este preconceito leva as pessoas a procurarem ajuda psicológica tardiamente. «A grande maioria das pessoas procura ajuda quando o sofrimento emocional as torna disfuncionais. Ou seja, quando se confrontam com sintomas como tristeza, insónia, ansiedade, ataques de pânico e percebem que não dá para viver mais dessa forma.»
Ajuda psicológica perde cada vez mais o estigma
Questionada sobre o porquê de a sociedade assumir a ideia de que os psicólogos são só para “maluquinhos”, a especialista explica que não é bem assim. «Algumas pessoas associam o mal-estar psicológico a casos extremos de doença mental. Nomeadamente às psicoses, onde, em caso de surto, existe perda de contacto com a realidade e, nalguns casos, esquizofrenias, pensamentos delirantes… Ainda assim, existem cada vez mais pessoas que entendem que os psicólogos os podem ajudar nos mal-estares, como sofrimentos psicológicos. Tal e qual como um médico ajuda ao nível dos mal-estares físicos.»
«Quando se começam a libertar de preconceitos, aconselham amigos e familiares» a procurarem ajuda
Assumindo que os pedidos de ajuda vão surgindo sem “mas” nem “porquês”, a psicóloga afirma que, numa primeira fase, existe vergonha em admitir no ciclo pessoal a necessidade da procura de ajuda. Contudo, o receio inicial de serem «considerados ‘fracos’» dá, posteriormente, lugar à partilha. «Quando se começam a libertar de preconceitos e a sentirem mais um controlo das suas vidas, mais felizes, partilham e aconselham a amigos e a familiares», explica.
Embora as opiniões se dividam e o preconceito exista nas várias faixas etárias, Sofia Moura revela que é essencialmente em pessoas «de nível socioeconómico mais favorecido» que o preconceito é menor. «As que são de um nível socioeconómico mais favorecido são menos preconceituosas. Recorrem mais, confirmam que funciona e divulgam nos seus ciclos.»
Texto: Marisa Simões | WIN