Como será depois a gestão das rotinas? Irá adaptar-se a uma nova realidade? Irei chorar nos primeiros dias em que o deixar ficar a um colo que não é o meu? Vai ficar doente?
Não há receitas nem magia para ultrapassarmos estes momentos. Não há filhos iguais e mesmo nós, pais, nem sempre reagimos da mesma forma perante esta nova etapa, quando a vivemos novamente num segundo filho, ou terceiro!
Mas se as encararmos como situações normais e sobretudo se pensarmos que são para o bem-estar e a evolução dos nossos filhos, deixamos que a nossa ansiedade não seja desmesurada e que isso não passe também ao nosso filho.
«Vai para o infantário? Tão pequenino… tão frágil…»
«Vai ficar sempre doente e apanhar todas as doenças e mais algumas…»
«Está tão habituado à família…»
Já todos ouvimos estas frases quando dizemos que vai para o infantário. Mas há algumas sugestões que faço para os corações mais apertados com estes momentos de ‘separação’:
1 – Se tomou essa decisão (ou não teve opção por não ter com quem o deixar ficar) ou a vida os levou a esta decisão, então aceite-a! Ir para o infantário não é o fim do mundo! Todos deviam ir (mais cedo ou mais tarde);
2 – O seu filho terá sempre na família o abrigo seguro do final do dia e o que vai acontecer na escola será aceite como local de brincadeira (e aprendizagens escondidas);
3 – Se os pais falarem (todos os dias) desta nova etapa e se mostrarem hesitantes e ansiosos a criança receberá todas essas mensagens. Evite! Fale sempre de forma positiva sobre o que vai acontecer. E sinta isso;
4 – Fale com ele sobre a nova etapa. Mesmo que seja muito pequenino. Explique-lhe que vai para o infantário. Que vai encontrar amiguinhos para brincar e adultos que lhe vão ensinar coisas novas. Que será uma etapa gira e divertida. Diga-lhe que o irá buscar ao final do dia e que espera que ele lhe vá contando as coisas divertidas do dia;
5 – Mostre-lhe que está confiante:
6 – Esteja confiante.
A idade em que vão para o infantário
Há crianças que vão aos quatro anos, aos cinco… Uma grande parte aos três anos, mas há as que vão aos cinco meses. Ir para o infantário não tem de ser uma dor de cabeça para os pais, com noites sem dormir.
Aceitem que faz parte do crescimento deles e que lá, quem os acompanha, acabará por ser uma ‘nova família’.
Os primeiros dias são, normalmente, os mais difíceis… a novidade. Eles estranham (ou não… há crianças que são claramente ‘meninos de escola’ e se adaptam como se sempre lá estivessem estado). Custa-nos deixa-los e virar as costas. E quando ficam a chorar custa ainda mais. Sentimos que não ficam bem e sofremos mais do que eles!
Normalmente a adaptação dura até duas semanas, mas não há um padrão, naturalmente, embora isso não signifique que, de vez em quando, não digam que não querem ir (as segundas-feiras são, muitas vezes, mais difíceis e também o retorno pós-férias) mas nesse caso voltamos a pensar nas sugestões.
Temos de acreditar que com o passar dos dias eles percebem o que lhes está a acontecer e passam a gostar e a sair de casa com um sorriso de curiosidade pelo novo dia que os espera.
O que irá encontrar no infantário
As frases feitas são isso mesmo… sobre o que vão chorar, as doenças, a rejeição, o não gostar… há muitos casos de completa identificação com a escola. Crianças que nunca ficaram doentes mesmo quando iniciaram o infantário aos cinco meses (como o meu Gonçalo, não tínhamos outra opção na altura, e não foi por isso que ficou doente, com tudo o que é transmissível… bem pelo contrário, tirando as gripes e constipações normais só recordo a varicela… em pleno mês de agosto!).
Há crianças que choram para vir embora ao final do dia, que pedem para ir para a escola ao fim de semana, que trocam o nome da mãe com o da educadora, que gostam verdadeiramente do infantário!
O infantário ou o pré-escolar serão, certamente, um novo capítulo da história deles. Com uma importância única.
Nesta fase (que é, como já tenho escrito, a mais importante) tudo o que vão aprender é recebido avidamente no cérebro, que está nesta altura a funcionar como uma esponja.
Temos de confiar na escola que escolhemos e nos profissionais que a compõem. Temos de ajudar a que tudo o que ele vivência seja parte de uma nova e fantástica etapa.
Temos de acreditar.
Texto: Inês Cruz, autora do blogue Inês Ferreira Cruz