Quando falamos do comportamento de uma criança e/ou adolescente e dos seus problemas associados, temos que invariavelmente ter assente que o corpo é sempre expressão e representação de um estado ou condição vivido internamente. Acaba mesmo, vezes demais, por ser um prolongamento.
Eles – os problemas de comportamento – encerram sempre uma mensagem (mesmo que por vezes de forma mais ou menos encriptada) e, são a par com as dificuldades de aprendizagem, a maior dor de cabeça dos pais e dos professores. Mas então, o que querem comunicar as crianças quando se portam mal?
As respostas são tão diversas quanto diversas são as respostas das crianças e na mesma medida os seus motivos. Até porque, necessariamente, o enquadramento para a instabilidade, agitação ou hiperatividade é francamente diferente da agressividade ou na sua medida inversa, da inibição ou isolamento.
O que é que quero dizer com isto? Que, tal como a ‘genica’ nos adultos, é mais fácil uma criança ser hiperativa quando não quer parar para pensar? É. Porque, à nossa semelhança, quando algo nos incomoda ou nos dói (cá dentro) também lhe tentamos fugir. Entretendo-nos! Mas de cada vez que fugimos, o nosso corpo apanha-nos. Porque reage. Reage à dor, em primeiro lugar. E reage, à fuga, em segundo.
Reage-se a todas as situações diárias, interpretadas e sentidas como tóxicas. Isto é, sofridas. Mais do que significar dificuldades de integração, significa normalmente solidão e pazes mal feitas com o mundo.
Texto: Leandra Cordeiro Docente na Escola Superior de Educação de Viseu Psicóloga Clínica: exerce Clínica Privada no Centro Pediátrico e Juvenil de Coimbra e na CLIVIDA, Viseu Colaboradora do Instituto Superior Miguel Torga (membro do Núcleo João dos Santos) E-mail: [email protected]