Desde que o Francisco nasceu que deixei de ser chamada pelo meu nome. Naquele instante não dei à luz só o meu filho, mas também me tornei outra pessoa.
Deixei de ser a Sara, para passar a ser «a mãe». Se é um orgulho ser tratada desta forma? Sim, sem dúvida! Mas pelo meu filho, não por todos os seres deste mundo, sejam eles médicos, professores, educadores e até trabalhadores da segurança social.
Eu sou a mãe do Francisco na cédula de nascimento dele, no cartão de cidadão e, claro está, na vida. Mas também sou a Sara. Acham que deixei de existir porque dei à luz?
É claro que eles se tornam a coisinha mais importante da nossa vida, mas “alto aí e para o baile” que quero continuar a ser chamada pelo nome que os meus paizinhos tiveram tanto trabalho a escolher.
Quando me voltarem a chamar “mãe”, acho que vou passar a respirar fundo e dizer: “O meu nome é Carvalho… Sara Carvalho!”
Sou só eu que me sinto assim ou alguém consegue entender o meu “sufoco”?
Texto: Sara Carvalho