Saúde

Sexualidade: A aprendizagem consoante as faixas etárias

Redação
publicado há 6 anos
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A sexualidade é uma componente fundamental da personalidade e da identidade de cada pessoa, faz parte do nosso modo de ser, de sentir e de comunicar com os outros. Permite-nos estabelecer laços, dar e receber afetos. Apesar da maior facilidade de acesso à informação que hoje existe na nossa sociedade e da maior abertura em relação a determinados temas que eram outrora tabu, a sexualidade continua a ser um tema difícil de abordar por alguns pais. Como fazê-lo? Que informação dar? Como integrar essa informação na educação dos filhos, em consonância com os valores de cada família?

A sexualidade nas diferentes faixas etárias

As questões ligadas à sexualidade estão presentes na vida das crianças desde muito cedo, fazendo parte do seu desenvolvimento e, como tal, esta é uma temática que não deverá ser ignorada pelos pais.

A descoberta da sexualidade, nas crianças mais novas, ocorre principalmente com o desenvolvimento da identidade de género, altura em que as crianças constatam que o corpo das meninas é diferente do corpo dos meninos. Sensivelmente a partir dos três anos surgem as primeiras perguntas sobre sexualidade, o interesse pelo seu corpo e pelo corpo do outro. É importante responder às questões da criança, de forma adequada à sua faixa etária, e explorar com ela as diferentes partes do seu corpo e as respetivas funções. Desta forma, a criança vai aprendendo a respeitar e a lidar de forma natural com o seu corpo. Esta é a base do desenvolvimento de cuidados com o corpo e hábitos de vida saudáveis.

Assim, em idade pré-escolar, as principais aprendizagens neste domínio deverão ser o desenvolvimento da consciência corporal, a exploração das diferenças sexuais existentes entre os géneros, promovendo a aceitação e respeito pelo seu género e pelo género oposto, e a adoção de hábitos promotores da saúde. Paralelamente não podemos dissociar a temática da sexualidade da sua dimensão emocional, devendo igualmente desde cedo potenciar a identificação, diferenciação e expressão emocional nas crianças, promover uma autoestima positiva, contribuindo para um melhor ajustamento psicológico e social, fomentar o respeito pelo outro e a aceitação da diferença.

Quando as crianças chegam à idade escolar, será importante aprofundar a consciência corporal e a noção de corpo anteriormente adquiridas, explorar a noção de família e fomentar o respeito pelas diferenças de género. Nestas idades torna-se também imperativo potenciar a resolução de problemas e a proteção do próprio corpo, um aspeto fundamental no que toca à prevenção de aproximações abusivas. Sabe-se hoje que a educação para a sexualidade e o desenvolvimento de competências emocionais por parte das crianças constituem fatores muito importantes na prevenção dos abusos sexuais.

Ainda em idade escolar, é importante ajudar as crianças a compreender as transformações que ocorrem na puberdade, na sua dimensão biológica e emocional, e ajudá-las a lidar com essas mesmas transformações. À medida que vão crescendo os jovens serão também capazes de compreender os aspetos inerentes à reprodução humana e ao crescimento, à contraceção e planeamento familiar. Toda esta informação e a temática da sexualidade deverão ser compreendidas pelos jovens como uma das componentes mais sensíveis da pessoa, no contexto de um projeto de vida que integre valores e uma dimensão ética.

Chegando à adolescência, o principal foco será a prevenção de comportamentos de risco associados à vivência da sexualidade nos adolescentes. Nesta fase todas as competências que o jovem já adquiriu serão fundamentais para a resolução de problemas e para levar a cabo tomadas de decisão refletidas. Nesta idade será importante alertar os jovens para possíveis consequências negativas da atividade sexual e ajudá-lo a desenvolver meios de proteção. Os pais assumem um papel muito importante no acompanhamento e desenvolvimento do adolescente. Devem manter-se alerta a potenciais problemas, mostrando-se disponíveis para ouvir e dar resposta às questões dos filhos.

Educação para a sexualidade nas escolas

A Escola assume, em conjunto com as famílias, um papel fundamental na formação dos nossos jovens. A educação para a saúde, para a sexualidade e para os afetos integram aquelas que são as múltiplas responsabilidades da Escola e, como tal, a educação sexual integra-se por lei na educação para a saúde (cf. Lei nº 60/2009 e Portaria nº 196-A/2010).

Neste domínio o papel da Escola será fundamentalmente o de desenvolver estratégias de promoção de saúde, área na qual se inclui a sexualidade, abordando a temática quer ao nível do currículo quer na organização de atividades de enriquecimento curricular, articulando com a família naquilo que são os aspetos fundamentais da formação e desenvolvimento das crianças e dos jovens. Pretende-se assim um trabalho de parceria entre Escola e família, em que o papel de um não se sobrepõe ao do outro.

Na minha perspetiva este é um trabalho importante por parte das escolas, que contribui de forma clara para a formação dos jovens e constitui um grande apoio às famílias nesta tarefa complexa que é educar. Obviamente que a educação para a sexualidade nas escolas deverá ser levada a cabo por professores com formação específica e com a colaboração de outros profissionais e entidades competentes neste domínio. Os conteúdos a abordar em cada faixa etária, por nível de escolaridade, estão claramente definidos e devem ser respeitados, indo assim ao encontro das características desenvolvimentistas das crianças acima referidas.

A educação para os afetos e para a sexualidade visa prover os jovens não só de conhecimentos mas de um conceito de sexualidade alargado, assente num quadro de valores. Pretende-se que as informações sobre sexualidade assumam um carácter preventivo, conduzindo os jovens (e as famílias) no caminho da saúde física e mental, da proteção, da reflexão e do diálogo.

 

 

 

Texto: Psicóloga Carla Pereira, do projeto Fale Connosco, Saúde Personalizada

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