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«Ficas tu ou eu com os miúdos?»

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publicado há 5 anos
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Sofia Serrano é ginecologista-obstetra, mãe de dois «miúdos maravilhosos» e adora escrever. Leia o testemunho que escreveu quando eles adoeceram e foi ela que ficou em casa a cuidar deles. Uma situação que acontece com a maioria das mães.

O testemunho foi escrito no seu blogue Café, Canela & Chocolate:

Estamos em pleno inverno, a chuva alterna com o frio, e por mais que tentemos encharcá-los de vitaminas, agasalhá-los até aos ossos e mantê-los em zonas livres de vírus, é praticamente impossível evitar as constipações.

E já sabemos o que se passa com uma constipação ou mesmo gripe: é preciso ficar em casa, baixar a febre, beber bastantes líquidos e esperar que passe – o nosso organismo tem de resolver o assunto e para isso precisa de uns cinco dias. De preferência com sofá, mantinha e uma boa série ou aquele livro que queríamos mesmo ler.

Em suma, quando os nossos filhos ficam doentes, temos de reorganizar os dias, cancelar consultas ou reuniões. É uma chatice para todos, mas tem de ser. Esqueçam aquela coisa de encharcar os miúdos em xaropes para baixar a febre e mandá-los na mesma para a escola – possivelmente vamos ajudar a espalhar mais rapidamente ainda o vírus e os miúdos podem piorar.

O que nos leva à questão seguinte: quem é que costuma ficar com os miúdos doentes? As mães? Os pais? Os avós ou outro tipo de apoio da família, como amas ou empregadas?

Eu lembro-me sempre do chá que a minha avó me fazia quando eu estava doente e ficava em casa dela. Lembro-me de ler as Seleções do Reader´s Digest quando começava a baixar a febre. Do sumo de laranja cheio de vitamina C para a constipação passar mais depressa. Das minhas bolachinhas preferidas com o melhor doce de tomate do mundo, para levantar o ânimo.

Tive a sorte de crescer com o apoio dos avós, mas acredito que a maioria das famílias destes dias têm maior dificuldade em gerir a vida no que toca a filhos doentes.

Muitas famílias estão a viver longe do apoio dos avós (como nós), ou os avós ainda trabalham e também têm pouca disponibilidade. O que leva os pais a entrarem num número de malabarismo para ficarem com os miúdos em casa até estarem bons e não serem despedidos.

Por isso, proponho às pessoas que mandam neste país que pensem nas “férias da gripe”: cada família devia ter direito a cinco dias de férias para poder dar apoio ao filho doente – para fazer chá, dar mimos e mantê-los no quentinho da sua casa até ficarem bons.

(sim, estou em casa com dois miúdos doentes)

 

 

 

Texto: Sofia Serrano no blogue Café, Canela & Chocolate

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