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«8 coisas que gostava que todos soubessem sobre como é educar uma criança hiperativa»

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publicado há 5 anos
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A Associação de Apoio à Criança Hiperativa partilhou um testemunho que aborda o papel dos pais na questão da hiperatividade. Aqui ficam oito coisas que se devem ter em atenção!

 

No minuto que entramos pela porta do restaurante, eu e o meu filho de seis anos, soube que íamos ter um problema! A sala estava cheia e muito barulhenta. Não era um ambiente amigável para crianças – não para crianças com Perturbação de Hiperatividade / Défice de Atenção (PHDA).

Sentámos numa mesa e em minutos ele já “lutava” para se manter na cadeira, agarrou o saleiro e pimenteiro e começou a brincar com eles, a fingir que eram carros de corrida… Tentei tirá-los, dizendo-lhe «calma» mas firmemente… Que não eram brinquedos e que ele os devia pousar!

Mas no segundo em que me virei para consultar o menu, ouvi uma voz irritada na mesa ao lado. Era uma outra mãe, a dizer que o meu filho estava a salpicar o braço da filha dela com sal. Imediatamente me senti com vergonha e sob ataque! Senti-me tensa e virei-me para o meu filho a gritar: «O que estás a fazer? Disse-te para pousares isso!»

Enquanto a dita mãe e outros olhares se mantinham em mim, senti a sensação familiar de “culpa” e medo! Já senti isto antes e sei que vou sentir muitas mais vezes… e de todas as vezes que sinto, dói!

Acabei por conseguir acalmar-me ao pensar: «A maior parte dos outros, julga-me, porque não sabem…»

Por isso, eis o que eu gostaria que soubessem e compreendessem sobre mim, o meu filho e a PHDA:

1. Ele não tem culpa do seu comportamento – o cérebro do meu filho não funciona do mesmo modo que os dos outros miúdos; é uma questão neurológica! Acreditem… se ele pudesse controlar melhor a sua impulsividade, hiperatividade, desatenção ou instabilidade emocional, ele assim o faria! Não é nada “divertido” lutar com essas dificuldades!

2. Eu não tenho culpa do comportamento dele! Posso não fazer sempre as coisas mais corretas como mãe, mas a minha forma de educar, não lhe provoca estes desafios. Sim, eu disciplino-o! E quando ele erra, eu mostro-lhe as consequências… mas o que funciona para os outros miúdos, não funciona com o meu filho! Ou pelo menos, não da mesma maneira! E sim, culpo-me frequentemente, embora não saiba ao certo do que me culpar!

3. PHDA é complexo! Não é apenas ser “hiperativo” ou não ouvir o que lhes dizemos… o que vocês conseguem ver não é nem metade do “problema”. Ele luta com coisas que vocês nem imaginam, com coisas que para os outros são dados adquiridos! Como organizar o pensamento, as emoções, lidar com a gestão do tempo, das tarefas, dificuldades sensoriais…

4. Ele não está a ser «mau» ou desafiante – ele pode até sê-lo de tempos a tempos, tal como qualquer outra criança! Mas o comportamento que vocês veem como “desafiante” ou desrespeitoso para com os outros (ou para comigo) não é, de facto, isso! E ele sofre por não conseguir corresponder ao que esperam dele!

5. Os dois tentamos o mais que podemos – fazemos horários e cheklist’s para nos organizarmos; fazemos ensaios sobre o que pode acontecer em cada sítio onde vamos e como reagir. Ele trabalha arduamente para conseguir acompanhar o ritmo escolar, mesmo que isso signifique lutar todos os dias com problemas vários. Ele luta em casa para se manter nos “eixos” e eu luto com ele para que saiba que estou lá… é desgastante!

6. Colocar o meu filho com medicação não foi uma decisão fácil! Ele engasgava-se quando tentava tomar o comprimido, chorava porque queria sentir mais apetite para comer o seu lanche favorito. E eu chorava também! Porque esta decisão não é fácil… mas a medicação realmente mudou a nossa vida! Não é opção para todos mas foi a opção da nossa família! E deve ser respeitada.

7. Sentirmo-nos julgados não ajuda! Isola-nos quando o que mais precisamos é de apoio!

8. Ele é muito mais do que a sua PHDA! Se as pessoas vissem para lá da PHDA, podiam ver que ele tem muitas qualidades! Ele é divertido e inteligente – é resiliente, quando “cai” levanta-se e tenta novamente! É uma criança que adora agradar os outros! Isso é algo que poucos têm….

Texto: Partilhado pela Associação de Apoio à Criança Hiperativa

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