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«3 filhos e 2 abortos depois…»

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publicado há 5 anos
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Sempre foi um objetivo, um sonho e uma concretização ter três filhos…

E assim aconteceu!

Quando estava grávida da primeira filha, agora com quase seis anos, estava radiante. Tudo era uma novidade, tudo era mágico, cor de rosa, perfeito e planeei cada pormenor: o quarto, as roupas, o carrinho de bebé, etc… Não podia faltar nada: a nossa princesa ia nascer e era a primogénita.

A hora do parto aproxima-se e achei que iria ser tudo simples, uma epidural, um parto normal e está feito… Mas, aí é que percebi que isto de ser mãe tem muito que se lhe diga.

Tive 26 horas em trabalho de parto, porque estava difícil fazer a dilatação. O cateter da primeira dose da epidural falhou, tive umas dorzinhas “upa upa”, e, entre as dores e as contrações, continuava sem fazer a dilatação. A enfermeira rebentou-me as águas e nada…

Tudo continuava igual, até que numa altura em que me viro de lado para a direita a frequência cardíaca da bebé começa a descer bruscamente… O médico e enfermeiros numa correria levaram-me para a sala de partos. Levei nova epidural e o parto foi de cesariana, a bebé tinha duas voltas do cordão no pescoço…

Contudo, depois de tanto stress, a princesa estava ótima e no momento que finalmente a vi, respirei fundo e fiquei com a “lagrimita” ao canto do olho… Foi um alívio!

A nossa menina dormia muito pouco e nós andávamos exaustos. Mas,mesmo assim, não desistimos da ideia de ter mais filhos, e como o sonho eram os três filhos, não queríamos que passasse muito tempo de intervalo entre eles.

Foi assim que, em 2015, fiquei novamente grávida, ainda a primeira filha tinha dois anos.. Mas, não correu bem, o bebé não evoluiu e o feto morreu às 13 semanas, foi difícil receber a notícia mas conseguimos ultrapassar e decidimos que não íamos desistir.

Passado um ano, em 2016 voltei a ficar grávida e voltámos a ter uma má notícia. Aconteceu algo semelhante, mas desta vez o feto nem se desenvolveu, apenas havia a placenta.

Desta vez, foi complicado ultrapassar. Para mim foi muito difícil interiorizar que iria passar por tudo outra vez. Só queria que aquilo passasse rápido.

No entanto, e como não sou de desistir, pensei que, se tinha perdido dois bebés, merecia ganhar dois e não iria desistir do meu sonho de ser mãe de três crianças. E, foi desta forma, que no mesmo ano e passados poucos meses fiquei grávida do meu segundo filho, agora com quase 2 anos.

Foi uma alegria, uma lufada de ar fresco. O nosso segundo filho fez-me acreditar de novo.

Quando fui à consulta, falei logo com o médico que queria parto de cesariana, pois o que tinha passado da primeira gravidez deixou-me com medo. E assim foi! A cesariana foi marcada mas mesmo assim nasceu três dias antes do previsto.

Lá fomos até ao hospital, com aquelas dores “maravilha” e lá orientaram tudo para a cesariana. Tudo ok; o menino nasceu a chorar como é suposto e foi para a marquesa para aspirarem as secreções e o vestirem.

Pois é… depois da aspiração, quando olho, o meu bebé não chorava, parecia um “trapo”. A pediatra começou a apertá-lo e ele nada. Foi horrível. Pensei que ia perder ali o meu príncipe. Aqueles segundos pareciam horas… Entretanto, ao mesmo tempo, o meu marido sentiu-se mal ao ver tal situação e quase desmaiou.

No decorrer deste contratempo, o meu filho voltou a chorar e trouxeram-no até mim.. Que alivio senti, que força eu tive que ter e que valente foi o meu bebé… Com minutos de vida e ter que ser reanimado… Foi uma angústia, só quem passa entende…

Consequência do esforço: ficou com uma arritmia (sopro no coração), foi seguido na Cardiologia e tudo ficou bem. O sopro já não é audível na auscultação e só terá que ir fazer mais um ecocardiograma por seguimento ético da situação clínica.

Depois de tantos contratempos e angústias continuámos a querer muito um terceiro filho. Mas ainda ponderámos algumas vezes por motivos pessoais e profissionais.

Quando o nosso menino tinha um ano, em 2018, decidimos que iríamos avançar para a terceira gravidez e o que é certo é que fiquei logo grávida e a bebé ainda nasceu nesse ano. Está agora com dois meses.

A terceira gravidez foi passada com alguma ansiedade mas estava tranquila para o parto. Já tinha passado por situações tão complicadas, que desta vez tinha que ser tranquilo.

Até achava que poderia ter parto normal, fácil fácil.. Mas, esqueci-me de ” juntar um mais um” e como já tinha tido duas cesarianas este parto tinha que ser, obrigatoriamente, cesariana.

Pois é… e assim foi marcado para o dia limite de nascimento, as 40 semanas. Estava tudo estável e marcámos para essa altura. O que é certo em que às 38 semanas, e depois do primeiro CTG, o médico ficou em alerta com as contrações, porque o processo estava muito acelerado e o colo do útero muito curto. Ou seja, estava quase a querer nascer.

Isto foi numa terça-feira… na quinta-feira tive de ir às urgências porque tinha muitas dores e o que é certo é que já estava em trabalho de parto! A bebé já estava encaixada e pronta para sair… Tive de ficar logo internada e a Princesa mais nova nasceu num momento tranquilo, mágico e sem stress…

Realmente, foi uma dádiva que nos foi dada, porque depois de dois partos difíceis e dois abortos, a terceira filha veio para acalmar os nossos corações e fazer-nos acreditar que cada caso é um caso e que temos de acreditar no poder da vida e do destino.

Texto: Margarida Felix

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