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Atitudes e olhares indiscretos de quem não tem filhos magoam pais desesperados

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publicado há 6 anos
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Se há coisa que me irrita são as pessoas que não têm paciência para crianças e passam a vida a revirar os olhos ou a lançar olhares fulminantes aos miúdos que não param quietos ou aos bebés chorões.

Sim, é verdade, chega a ser insuportável aturá-los em certos dias. Mas será que essas pessoas sabem que o estado de espírito de uma criança altera-se num minuto? Podemos sair de casa com eles bem dispostos. Chegamos ao restaurante e transformam-se literalmente! Já não basta estarmos a tentar acalmar os nossos filhos e ainda temos que lidar com olhares indiscretos ou até mesmo comentários desagradáveis de quem não sabe sequer o que é criar uma criança.

Este inferno começou assim que o meu primeiro filho nasceu. Infelizmente não dormi quase nada no seu primeiro ano de vida. Nem eu nem o pai dele. Fizemos de tudo para perceber o que se passa e melhorar a situação, com a ajuda do pediatra e até de um terapeuta do sono. Ele dormia muito bem a sesta durante o dia… por isso à noite não queria dormir, mas o problema é que não era uma criança tranquila. Chorava sem parar. Era um tormento vê-lo assim.

Sabem o que me custou mesmo nesta fase? Foi ter um casal de vizinhos completamente insensível que batia com um cabo de vassoura, ou de outra coisa qualquer, na parede e mandava calar o meu filho. Mandava calar o meu filho! Mas isto será normal?! Na casa dos seus 60 anos, e com filhos, deveriam ter mais compreensão. Ficava sempre nervosa. Eu e o meu marido andávamos desesperados! Não conseguíamos acalmar o nosso bebé e sabíamos que estávamos a incomodar os vizinhos…

Até que um dia a vizinha deixou um bilhete na nossa porta a dizer que estava farta de não dormir em paz, que «se calhar» o erro era nosso e que não estávamos a lidar bem com o nosso filho. Caiu-me tudo. Não estamos a saber criá-lo, é isso? Portanto é assim que os outros vêem quem não consegue acalmar os filhos?

Estas pessoas esquecem-se que também já foram crianças e que, certamente, deram muitas dores de cabeça aos pais. São crianças! Mas existe alguma que não chore, não faça birra ou não se porte mal? Impossível! Faz parte do crescimento delas… É nosso dever saber educar e tentar amenizar certas situações, mas por vezes torna-se impossível. Felizmente não acontece todos os dias.

As birras em público são muito controversas… Se damos uma palmada bem dada (e merecida), estamos a maltratar as crianças. Se não batemos, ouvimos logo: «Havia de ser meu filho! Assim não vai lá com ele…»

Depois há também quem opine e faz questão de dar conselhos… «Conselhos»!!! Mas quem é que conhece os meus filhos? «Desculpe intrometer-me, mas…» E eu penso logo: «Mau! O que é que vem daí?»

«Se calhar o bebé tem frio, não tem um casaquinho? Ou será fome?», ouvia quando eram mais pequenos. Depois crescem e, apesar de se portarem bem no geral, fazem sempre uma birra ou outra em público. «Este menino se fosse meu filho levava um tratamento… Comigo não fazia estas cenas!»

Ah não?! Mas você é super mulher? Se calhar nem é mãe… Não há regras na educação. Deixem-nos viver a nossa vida. Por acaso até estamos a fazer um bom trabalho. Estamos muito orgulhosos. As birras fazem parte… Um dia passa. E quem não está bem e não sabe conviver com crianças… Enfim, não saiam de casa!

 

 

 

Texto: Cátia Gonçalves

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