Família

Natal de pais separados: Como se lida com a ausência dos filhos?

Andreia Costinha de Miranda
publicado há 5 anos
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Natal é sinónimo de família, mas para muitos pais a gestão da noite de consoada e dia de Natal não é tarefa fácil.

Na maioria dos casos, os pais separados têm de dividir a presença dos filhos, não só durante o ano inteiro, mas também nesta época festiva. E não há dúvidas de que no Natal, estar longe dos filhos não é tarefa fácil.

Conheça casos reais

Maria está separada há três anos e meio. O filho, Diogo, tinha apenas um ano quando os pais seguiram caminhos diferentes. Por isso mesmo, «não se recorda dos pais viverem juntos.» «Como começou desde muito cedo a ir alguns dias para a casa do pai/avós e a estar na minha casa, ele consegue fazer bem essa distinção. Na minha casa sabe quais as rotinas e possivelmente quando está com o pai sabe as de lá. Nunca questionou nada e se por acaso o pai for lá a casa ele estranha», explica esta mãe.

O mesmo se passa na casa de Miguel. Separou-se quando a filha, Sara, de cinco anos, tinha apenas seis meses. A menina passa uma semana com cada progenitor. Uma realidade que não afeta o crescimento e a educação de Sara. «Acredito ter sido o mais benéfico para ela. Não tem memórias dos pais juntos, o que facilita todo o processo. Ainda assim, ao longo do tempo foi, algumas vezes, perguntando porque os pais não estão juntos, ou por exemplo, dizendo qu queria almoçar ou jantar com os pais, entre outras perguntas “indiscretas” que se foi lembrando», começa por contar Miguel.

«Creio que nós fomos “crescidos” o suficiente para explicar o que se pode explicar a uma criança, sem ferir ninguém, e ao mesmo tempo, sempre que a Sara nos vê juntos, o ambiente é perfeitamente normal, o que entendo ser importante para a Sara. Concluindo, a Sara uma vez por outra vai mostrando que queria ver os pais juntos, mas no dia-a-dia, é uma criança super feliz, alegre, divertida e meiga, lidando sem qualquer problema com esta situação», continua.

E para Miguel, o facto da filha «viver em duas casas é uma mais valia». «Tem duas camas, o dobro dos brinquedos, tem mimos constantes, porque naturalmente todos queremos compensar o tempo de ausência…etc, etc… e não lhe incomoda minimamente esta realidade. Convive perfeitamente e distingue os ambientes…cada vez mais estou convicto de que as crianças absorvem tudo e adaptam-se com a maior das facilidades! Haja carinho e amor», realça.

O Natal longe dos filhos

Tendo os pais de Diogo seguido caminhos diferentes já há alguns anos, a gestão do Natal é também dividida de forma organizada. Tudo para o bem-estar do pequeno. «Nós (eu e pai do meu filho), desde que o Diogo tem um ano, que dividimos esta época: um a noite natal (o pai) e outro o dia natal (eu). Como não temos guarda partilhada e o Diogo era muito pequenino, qualquer separação entre nós era muito dolorosa (ainda o é!)», diz Maria.

«Se nos outros dias doía, no Natal doía a dobrar… sentimos um vazio, parece que estamos incompletas, sentimos a falta de algo, pensamos assim: ‘O que estará ele a fazer…?’ Estamos lá (na noite Natal) mas não estamos, sorrimos mas não é de todo o maior sorriso… Ainda para mais no 1.º ano… Não podia falar com ele e ouvir a sua voz, desejar-lhe um bom Natal, pois pouco falava… Confesso que passei a gostar do Natal assim que ele nasceu, mas não é só nesta época que é difícil a separação…é sempre!», garante.

Na casa de Miguel, o sentimento também é de saudade, até porque «o Natal é sempre uma época de reunir e conviver com a família».

Mas… há sempre um mas… «Quando estás numa situação destas, em que os pais se separam, o mais relevante é pensar sempre no(a) teu(tua) filho(a), e não no nosso umbigo. Eu estou perfeitamente tranquilo quando a Sara está com a mãe. Sei que está bem, que é bem tratada e feliz! Portanto quando não passa o Natal comigo, é nisso que tenho de me focar. Mais… temos de arranjar formas de contornar a falta que nos faz nessa altura e até temos a sorte de, uma semana depois, haver outro dia de festa… a passagem de ano! E portanto, tratamos de pensar e preparar um momento de felicidade e cumplicidade nessa altura», garante o pai da pequena Sara, que a primeira vez que não passou o Natal com a filha foi há dois anos.

«Para quem adora crianças e obviamente, a nossa filha mais que tudo, não ter a presença dela logo numa época como esta, é complicado… a casa fica vazia, a alegria contagiante, a brincadeira, a animação desaparecem. Com certeza que sem a presença dela, o Natal é bem diferente. Faz muita falta… a saudade aperta o coração. Tudo passa por pensar nela, sabendo que está bem e feliz, e pensar na festa da semana seguinte, onde a Sara nos vai encher o coração! Para além disso, em vez de receber os presentes todos de uma vez, recebe em duas vezes, o que é bom pois acaba por dar mais valor ao que recebe. E como criança que é, acaba por aproveitar o Natal a dobrar», assegura Miguel. 

Este ano como vai ser o Natal?

O Natal de Maria vai ser dividido. Diogo passará o dia 24 com o pai e o dia 25 com a mãe. «Fazemos a nossa troca de prendas depois de almoço… É giro! Divertido! Mas gostaria de o ver a abrir as prendas, uma vez, na noite de Natal e ver a sua reação», diz.

Já Miguel, este ano, vai ter a companhia da filha, Sara. «Já temos alguns planos para os dias 24 e 25, para que possamos, em família, desfrutar de tempo de qualidade juntos e a Sara divertir-se, espalhando a magia do seu sorriso! Portanto temos dois dias inteiros para desfrutar das coisas boas que o Natal nos oferece».

Até porque Natal é Natal… «Nesta época, até pela maior disponibilidade de tempo que temos para dar atenção aos nossos filhos, estamos em família, procurando satisfazer alguns desejos da Sara. O Natal traz sempre muitas atividades giras e direcionadas para as crianças, que procuramos aproveitar… e a Sara adora!! Acontece o jantar tradicional e claro, os presentes! E depois, enquanto o sono não leva a melhor, aproveitar a satisfação dela com o que recebeu, brincar com ela, usufruir daqueles momentos. O último Natal que passámos juntos, lembro-me que passámos ainda bastante tempo a jogar um jogo que ela recebeu de presente… a Sara toda contente… e os adultos também», finaliza.

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