Saúde

Tire todas as dúvidas sobre a diabetes na infância

Andreia Costinha de Miranda
publicado há 5 anos
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O Dia Mundial da Diabetes assinala-se a 14 de novembro e como tal, o site Crescer conversou com a Dra. Ana Cristina Monteiro, Pediatra no Hospital CUF Descobertas sobre esta doença.

Fique a par da entrevista, em baixo.

Site Crescer – Antes de mais, para quem não está familiarizado, o que é a diabetes?
Dra. Ana Cristina Monteiro A diabetes é o aumento dos níveis de glicémia (açúcar) no sangue.

Como se manifesta a diabetes na infância?
Os sintomas mais frequentes são: polidipsia (muita sede), poliúria (excesso de urina) e polifagia (aumento do apetite). Estes podem estar associados a emagrecimento não explicado e cansaço. Em crianças muito pequenas, estes sintomas são muito difíceis de valorizar e pode ser simplesmente a criança voltar a usar fralda de noite.

Quais os sinais que os Pais têm de ter em atenção?
Uma criança ou adolescente que por exemplo, comece a beber muita água, inclusivamente a acordar de noite para beber; que coma mais do que habitual e emagreça; que volte a acordar de noite para urinar; estes pais devem realizar uma avaliação de glicémia. Esta pode ser feita numa Unidade de Saúde ou até numa farmácia e não deve ser adiada muitos dias.

A diabetes mais comum em crianças é a do tipo 1… Como se diferencia a diabetes tipo 1 do tipo 2?
A diabetes tipo 1 é a mais frequente em crianças e adolescentes. Surge por impossibilidade do pâncreas produzir insulina e não tem prevenção. A diabetes tipo 2 está associada a obesidade infantil e erros alimentares, podendo ser prevenida com modificação de estilos de vida.

A diabetes torna-se mais grave quando se manifesta em criança?
A diabetes é uma doença crónica, que pode condicionar complicações agudas (a curto prazo) ou crónicas (a médio e longo prazo). Ter diabetes em criança, significa que estas complicações podem surgir tão cedo como na 2.ª década de vida (algumas 5 a 10 anos após o início da doença). Por isso, a otimização do controle da glicémia é fundamental, para evitar e adiar muitos destes problemas.

Geralmente este assunto é delicado para os Pais. Como se pode desmistificar a ideia da diabetes? Como são feitos os tratamentos?
Ter um filho com diabetes, é ter a perceção de que o seu filho tem uma doença para toda a vida. O que se tenta transmitir, é que, com o cumprimento das regras, o diabético pode levar uma vida normal, quer em sociedade com os pares, quer em termos profissionais. Mas é necessário sempre um grande suporte familiar e mudanças de estilo de vida. O tratamento da diabetes tipo 1 é exigente, com avaliação regular da glicémia, avaliação nutricional dos alimentos ingeridos (mais frequentemente com contagem dos hidratos de carbono) e administração de insulina (injeção subcutânea ou bombas de perfusão continua de insulina) antes de todas as principais refeições. A diabetes tipo 2 pode ser tratada com comprimidos ou com insulina.

Em casa os Pais conseguem ter os cuidados especiais, mas como funciona nas escolas? Ainda é um assunto pouco falado nas escolas? Acha que é necessário uma evolução nesse aspeto?
Há orientações da DGS (Direção Geral de Saúde) relacionadas com a temática da diabetes e a escola. Essencialmente desde 2012, com as primeiras normas, as escolas passaram a assumir, sempre que necessário, o tratamento destas crianças. É feita formação junto de professores e auxiliares, sobre administração de insulina, alimentação, prática de exercício físico e cuidados especiais (por exemplo em caso da baixa da glicémia). Apesar destas melhorias, ainda há escolas que não conseguem ter um local isolado onde a criança possa fazer o seu tratamento sem ser em público. No caso dos adolescentes, a situação complica-se mais, pois eles não aceitam a vigilância dos adultos, permitindo mais incumprimento. Muitos nem sequer aceitam que os colegas saibam que têm diabetes.

Em que é que a diabetes pode interferir na vida da criança?
As regras e as rotinas do tratamento, com o objetivo de manter a glicémia o mais estável possível, são a chave para o sucesso do controle da doença e para uma vida considerada normal. Mas uma criança com diabetes, por exemplo, não pode andar sempre a depenicar comida, pois não pode andar sempre a fazer insulina; não deve praticar exercício físico se estiver com níveis altos (mais de 250 mgdl) ou muito baixos de glicemia (hipoglicémia – menos de 70 mg/dl); sempre que tenha uma outra doença, a sua diabetes pode descontrolar mais e ter de ser internada; o adolescente tem de evitar o consumo excessivo de álcool.

Que conselhos dá aos Pais?
Para os pais de crianças obesas, devem estar alerta para este problema e modificar hábitos alimentares e estilo de vida, como forma de prevenir a diabetes tipo 2. Para os pais das crianças com diabetes tipo 1, a chave é aprender o mais possível sobre a doença, sobre alimentação, sobre como controlar a glicémia e ajustar as doses de insulina. Neste contexto da educação para a diabetes, a consulta de diabetes pediátrica do Hospital Cuf Descobertas, vai realizar dia 24/11 um evento “Conversas multidisciplinares com jovens diabéticos”, destinado a pais e crianças/adolescentes com diabetes tipo 1, seguidos na CUF, precisamente para aumentar os conhecimentos sobre a monitorização da glicémia, interpretação dos resultados e atitudes a adotar face aos mesmos.

Qual o futuro que se prevê para a diabetes?
Atualmente a tecnologia, quer para monitorizar a glicémia, quer para a administração de insulina, tem sofrido constantes inovações. Surgem frequentemente novas ferramentas disponíveis para ajudar as famílias no controle da doença. Estão em ensaios pâncreas artificiais e transplantes de células, que possam num futuro que se espera próximo, vir a melhorar a vida destes jovens e sobretudo evitar as complicações.

 

Agradecimento: Dra. Ana Cristina Monteiro

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