Histórias Online

A ternura dos 3 anos de idade

Histórias Online
publicado há 7 anos
0

Quando falo nestes pequenos seres feitos de açúcar, parece tudo bem docinho e apetitoso, não é? A verdade é que até o açúcar pode ficar amargo.

Os temidos dois, estendidos aos três anos de idade… não é nada mais nada menos do que, um adolescente em miniatura. É pois.

Safira sabe exatamente como puxar até ao limite da paciência. A sua instabilidade emocional acaba com a minha insanidade. Até que nesse piscar de olhos, vira a pessoa mais amorosa, enche-me de carinho e de desenhos.

Os calções vermelhos ficam absolutamente bem nas suas pernas rechonchudas. Mas hoje, ela insiste que estão largos e que fazem comichão.

Hoje, ela insiste na sua ternura dos três anos de idade, que as meias têm que ser as amarelas com bolinhas pretas, que vão até ao joelho. Relembra que as brancas pelo tornozelo são feias e para bebés.

Hoje, o salmão do jantar de ontem (segundo as suas palavras) já cheira a peixe. Ontem cheirava bem.

Em 10 minutos mudou de ideias quanto ao lugar onde queria ir: ora ao parque, ora à atividade de artes plásticas. Durante esses 10 longos minutos, choramingou porque não quer ir no carrinho, quer ir de scooter.

E a mãe que folheia um livro de como ser mãe, nos intervalos da sua profissão de mãe? Procurando respostas para estes comportamentos que certamente voltarão daqui a uns anos, na fase da adolescência?

Não sei qual é pior… um Hitler em miniatura ou um adolescente Hussein. Estou a exagerar não estou? Melhor recomeçar…

A verdade é que não há respostas. Isto acontece porque está irritada, está aborrecida, está com dificuldade de exprimir o que quer e está com a paciência esgotada. (Também eu estou) mas eu sou adulta com calos e sei controlar as minhas emoções.

Nesta fase da desobediência e da independência, eles estão a formar a sua identidade.

Volta e meia diz que me adora. Volta e meia diz que me odeia. Há meia hora atrás queria banana para o lanche. Agora já não quer. Quer uma maçã. Não pede de mansinho. Pede choramingando. Joga-se no chão.

Faz parte.

Ela e tantas outras elas e eles, são como fogos de artifício… fazem barulho e podem ser intermitentes, mas são lindos de se ver. Enfastiada. Choramingona. Birrenta. Chata. Com um temperamento acima do permitido.

Os ternurentos três anos de idade, que de ternurentos têm pouco, apressam a minha velhice.

A disciplina chama-se: nem tanto ao mar, nem tanto à terra. E aí retardo a minha velhice por uns minutos e atiro Safira aos quatro anos de idade.

Hora do banho. Não quer lavar o cabelo. A água está muito fria, quando está quente. Não quer o pijama do Olaf, quer o da Barbie.

Hora do jantar. Não gosta de nada do que está no prato. Diz que não tem fome. Joga o prato no chão e o cão encarrega-se de ajudar a limpar. Irra! Safira está mesmo salgada hoje!

Siga para o sofá. Hoje falta-me o dicionário para entender a língua que fala esta miniatura.

Deita-se no sofá e ainda faz uma guerra, porque sentei-me no lado do sofá que lhe pertence. Aqueço-lhe o leite. Abafo-a com uma manta. Arrefece-se o temperamento em frente da TV.

Neste mega até amanhã, enquanto levo a bolsa às costas, recebo um beijo em dobro e um «I love you» sorridente. Os três anos até conseguem ser ternurentos… quando já falta gasolina e o canal dos Cbeebies está ligado.

Querida mãe, veja se adoça sua filha, para que eu amanhã, entre com o pé nos quatro anos de idade.

 

 

 

Texto: Sandra Silva (Facebook e Instagram)

Siga a Crescer no Instagram

Artigos relacionados

Últimas

Botão calendário

Agenda

Consultar agenda