Família

Stress dos pais pode provocar ansiedade nos filhos?

Redação
publicado há 5 anos
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O stress e a ansiedade fazem parte do dia-a-dia dos pais, mas será que isso afeta os seus filhos? A psicóloga Catarina Graça dá-lhe a resposta.

«Cada casal tem a sua teoria, tendo em conta crenças antigas. Cada pessoa tem a sua personalidade, portanto não há um formato igual para todas as famílias», começa por dizer.

«Há uma preocupação genuína por parte da mãe e do pai para com a criança, porque ambos querem o melhor, tudo é excessivamente alertado e depois ainda ouvem dicas de toda a família. Não se apercebem que essa excessiva preocupação está a ser passada à criança como sendo um mundo que ‘afinal tenho de ter cuidado com tudo porque alguma coisa pode acontecer a qualquer momento’. É uma passagem desta ansiedade e deste stress que se está a dar às crianças», garante a especialista, que esteve n’ «O Programa da Cristina», da SIC.

Quando a hora do acordar é um problema

Começar o dia a gritar e a pressionar os filhos a levantarem-se da cama, a tomarem banho, a vestirem-se ou a comer não traz qualquer benefício aos mais novos e Catarina Graça explica porquê.

«Há um desfasamento entre o tempo psicológico do pai ou da mãe e o da criança, porque os pais estão sempre a viver no futuro com as consequências que podem vir a acontecer no futuro. A criança não, se for preciso está a tomar o pequeno-almoço, mas está a viver o momento, não faz a mínima ideia que a seguir vai para a escola e qual é a implicância de chegar atrasado ou não…», refere.

«O stress e a pressão dos pais de manhã quebra logo o estado da criança, que acorda zen para usufruir do momento, do dia… A agenda dos pais é sempre carregadíssima de coisas com os ‘timings’ certos», constata.

«Mas como se controla isto?» é a questão que muitos pais fazem. «É necessário perceber até que ponto é que os pais possam ter ali alguma perturbação de ansiedade e se estão a controlar por eles próprios ou se necessitam de alguma ajuda mais especializada. Depois é preciso forçarem-se a viver o presente», sublinha.

Um conselho fundamental: «Respirem e acalmem-se. Muitas vezes os pais sentem-se culpados, porque veem que a criança ficou a chorar… Acho que esta culpa pode ser motivacional, não tem que ser negativa. É neste momento que empatizam com o lado da criança e pensar: ‘Realmente poderia ter feito de outra forma…’ Para em futuras situações filtrarem e agirem de outra forma»

À hora da refeição…

Há muitos pais que nem à hora da refeição acalmam e a pressão é muita. «A mãe e o pai já chegam ao fim do dia com um acumular de stress do trabalho que lhes retiram toda a paciência que deveriam ter com a criança. Por isso, naquele momento não pensam na consequência, porque a criança está noutro ritmo diferente deles, portanto é natural que eles façam com outro ritmo», explica a psicóloga.

Para Catarina Graça, não vale a pena forçar a criança a comer o prato até ao fim. «Obrigar a comer e fazer com que a refeição seja um momento de sofrimento, não é o objetivo», diz.

A fazer os trabalhos para casa…

O período de escola é muito complicado para os pais, porque nem sempre conseguem dar o acompanhamento que pretendem aos filhos. E a pressão também é muita. «Recebo muitos pais no meu consultório com medos de falhar e de errar que vêm da infância. Os miúdos ganham medo de fazer as coisas, porque não conseguem ter aquela descontração para aprenderem», refere.

Segundo a psicóloga, a criança já tem medo de falhar e de errar quando ouve os pais stressados: «Faz isso bem! Não quero ser chamado à escola, não quero que a diretora me faça queixas de ti!» E isto prolonga-se no estado adulto no futuro. «Muitas vezes provocam ataques de pânico, incapacidade de serem bons profissionais, de se conseguirem aguentar no emprego…»

Como gerir e ajudar na hora de fazer os trabalhos para casa? «A ajuda [na escola] existe, portanto nós não temos de nos sentir obrigados a saber fazer tudo no que diz respeito à educação das crianças. Há pessoas especializadas que conseguem transformar o momento da aprendizagem num momento de brincadeira», diz.

No fundo, é isto que os pais devem reter: «Libertem o vosso stress, vivam mais o presente. Regras, mas afeto. Tem de haver disponibilidade para explicar à criança o porquê daquelas regras. Tem de haver um perfil de um pai participativo, ou seja, há regras, mas também há afeto. Tem de haver as duas coisas, porque a criança se não encontrar justificação para aquela regra, não vai assimilar, não vai perceber e pode tornar-se agressiva, pode haver decréscimo no rendimento académico, falta de apetite, sono… mostra que a criança já está a ficar afetada com aquele perfil parental.»

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