Quando uma mulher engravida, são muitas as dúvidas que surgem.
A questão das células estaminais é um tema que, apesar de importante, ainda é pouco abordado pelos casais portugueses. E por isso mesmo, a convite da Bebé Vida, o site Crescer foi até ao Porto fazer uma visita ao laboratório Bebé Vida.
O que é necessário saber
Na companhia de João Sousa, Diretor de Qualidade do Laboratório Bebé Vida, a nossa equipa de reportagem começou a visita – e a conversa – por um dos fatores mais importantes: o que são, afinal, células estaminais? «São células tronco que têm capacidade de se diferenciar e de dar, como numa árvore, os ramos, as flores e os frutos. Estas células têm a capacidade de se diferenciar em células adultas do ser humano. Células da pele, do fígado, do músculo, as cartilagens, células neuronais… Ou seja, são células imaturas que têm capacidade de se diferenciar. Existe uma definição um bocadinho mais técnica. Que as células estaminais têm duas características. Têm capacidade de se auto-renovar e a capacidade de se diferenciar noutro tipo de células», explica João.
E em que tipo de terapias estas células têm uma ajuda fundamental? «Temos dois grandes grupos. Temos aquilo que é a utilização das células estaminais que são colhidas no sangue do cordão que são as doenças hemato-oncológicas (leucemias, etc…) que é aquilo a que se chama a utilização clássica dessas células. E depois existe outro campo, que é o campo da medicina regenerativa que é a regeneração de tecidos, em que se regeneram tecidos danificados com base em células estaminais (ex: enfarte agudo do miocárdio que faz a lesão das células do músculo cardíaco) e a utilização das células estaminais mesenquimais, que têm capacidade de se diferenciar numas células que se chamam cardiomiócitos que são as células que têm a capacidade de regenerar as células mortas do músculo cardíaco na sequência do enfarte. Regeneração do tecido ósseo, recuperação de lesões musculares, etc…», continua.
A decisão de criopreservar
«É importante que os Pais que tomem a decisão de criopreservar tomem uma decisão consciente, fundamentada, que visitem o laboratório, mas por outro lado que tenham capacidade financeira, porque é um serviço privado, pago pelos recursos de cada um», começa por dizer o Diretor de Qualidade do Laboratório Bebé Vida.
E como se explica, em traços gerais, todo este processo da criopreservação? «Têm um momento único para colher as células estaminais, que é o momento do parto, onde podem colher as células do sangue e do tecido. As células estaminais que são colhidas têm um enorme potencial no tratamento de algumas doenças, mas também tem limitações. Tem a limitação de quando são para utilizar num outro».
E aqui entra a questão da ajuda aos irmãos. «Existe o potencial de usar entre irmãos, existe a necessidade de compatibilidade – e tem essa limitação . E depois tem outra limitação que é o volume da amostra, o número de células. Ou seja, o sangue do cordão umbilical só tem as células que colhemos naquele momento. Não conseguimos multiplicar em laboratório. E por isso os Pais têm de ter a noção que têm um momento único, que podem colher essas células e guardá-las para um banco de sangue do cordão umbilical, que pode ser muito útil no futuro em algumas doenças, mas também tem as suas limitações», continua.
Mas há mais: «Obviamente que temos de assegurar o nível de compatibilidade. Entre irmãos é relativamente alto, com o chamado ente não aparentado. Irmãos, dos mesmos progenitores, estamos a falar de uma probabilidade que pode ir de 25 a 39 por cento, dependendo do nível de compatibilidade. Ou seja, consegue-se encontrar a cura numa amostra de um banco familiar para um irmão no caso de uma leucemia, etc… E aí estamos a falar de uma utilização relacionada.»
Testemunho de quem criopreservou as células dos filhos
‘Maria’ – nome fictício – é enfermeira e mãe de duas filhas, uma de oito e outra de seis anos. Em declarações ao site Crescer, preferindo o anonimato, esta progenitora optou pela Bebé Vida para criopreservar as células estaminais das suas meninas. E por que razão tomou essa decisão? A resposta é perentória: «São várias as decisões que os futuros Pais têm de fazer antes do bebé nascer. A escolha do nome, a decoração do quarto, o local do parto… No entanto, no que respeita à sua saúde e proteção, a decisão não poderia ser mais fácil. Na qualidade de profissional de saúde e futura mamã, a possibilidade de tomar uma opção que pode salvar vidas recorrendo à criopreservação das células estaminais do cordão umbilical, foi a acertada. E repetimos este ‘seguro de vida biológico’ quando esperávamos a segunda menina.»
Tal como já foi abordado, a questão das células estaminais ainda é um assunto pouco abordado entre os Pais. E essa é também a opinião de ‘Maria’. «Julgo que a população portuguesa ainda se encontra pouco sensibilizada quanto a este tema. Daí a importância e relevância do trabalho e empenho da Bebé Vida na divulgação da criopreservação. Ao recorrer a informação mais detalhada, a Bebé Vida como empresa 100 por cento nacional, foi capaz de transmitir toda a confiança e fundamento que necessitávamos. Considero também que os avanços na Medicina nos irão surpreender, mais tarde, com ainda mais aplicações destas células na cura e prevenção da doença», salienta.
A visita ao laboratório
Antes de tomarem a decisão de criopreservar (ou não) as células estaminais dos filhos, muitos casais procuram informação coesa sobre este tema. E por isso mesmo, alguns deles decidem ir visitar o laboratório Bebé Vida, no Porto, pois ali «conseguem obter esclarecimentos mais objetivos sobre a utilidade das amostras e depois saber como é que os procedimentos são feitos para se sentirem mais seguros para tomarem essa decisão».
E quando é que essas visitas podem ser feitas? João Sousa assegura: «A qualquer dia podem visitar o laboratório; à semana sem marcação, ao fim de semana com marcação, mas aconselhamos sempre os pais a visitarem o laboratório para tomarem a sua decisão. A Bebé Vida tem sempre as portas abertas».
O site Crescer mostra-lhe, no vídeo em baixo, como é feita a visita guiada ao laboratório.
Como é feito o processo da criopreservação?
«Os Pais têm de adquirir o kit na Bebé Vida, têm de levar o kit na altura do nascimento e entregam aos profissionais de saúde. Os profissionais de saúde recolhem a amostra, é feito o transporte até ao laboratório. Aí, é feito o processamento das amostras, de sangue e tecido. Esse processamento é feito em salas limpas, com todos os cuidados, utilizando muita tecnologia. Depois de processar, significa que as amostras estão preparadas para serem arrefecidas a temperaturas abaixo dos 150º.
São arrefecidas nesta temperatura e são colocadas nos tanques durante o período contratado com os Pais, que neste caso são 25 anos. Ficam ali guardadas onde pretendemos infligir na amostra uma inativação celular, de forma a que não se dê a degradação das células. Para quando sejam necessárias as células, as amostras são descongeladas e as células mantêm a sua viabilidade para serem utilizadas em termos terapêuticos nas duas tipologias de doenças. É isto que fazemos dentro do laboratório.»
Com tudo isto, há dois pontos que João Sousa realça. «Ponto número 1: Na utilização clássica, nas doenças hemato-oncológicas, quando é utilizada a amostra, é utilizada toda. Por isso só dá para utilizar uma vez. Ponto número 2: Podem ser utilizados no próprio, mas se a doença (leucemia, por exemplo) for de origem genética, não tem utilidade nenhuma, porque não se vai utilizar uma amostra do próprio – onde já lhe tenha a informação da disfunção celular – para tratar uma disfunção. Se elas já estão disfuncionais, não vai resolver rigorosamente nada.»
Para quem quer adquirir o kit, o que precisa de fazer?
Para os casais que queiram adquirir o kit podem contactar «a Bebé Vida, seja através do site, por e-mail, por telefone ou através de alguns workshops que se fazem em opendays (..) Devem-no fazer com três a quatro meses de antecedência do bebé nascer» E há algo a ter em atenção: «Nunca esquecer de levar para a maternidade. Sem o kit não é possível fazer a colheita», finaliza o Diretor de Qualidade do Laboratório Bebé Vida.
Saiba o que contém o kit de criopreservação de células estaminais, no vídeo em baixo.
Sabia que…
– Só entre 8 a 10 por cento dos casais é que recorre à criopreservação?