Saúde

Saiba o que é a doença Burnout

Redação
publicado há 4 anos
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«Chega!» É o que o corpo parece querer dizer quando se sofre de burnout, a mais recente patologia reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

É como se o corpo e a mente colocassem um ponto final em tudo. Os sintomas incluem cansaço devastador, associado a uma total falta de energia, como se todas as reservas do organismo estivessem esgotadas. No trabalho, a pessoa, que outrora fora competente e atenciosa, passa a funcionar como se tivesse um piloto automático ligado.

Da motivação à irritação

A motivação dá lugar à irritação, à falta de concentração, ao desânimo e à sensação de fracasso. Miguel Oliveira tem 37 anos, é chefe de equipa de call center e sabe bem o que é o burnout. «Comecei a sentir-me completamente exausto física e, acima de tudo, psicologicamente. Encontrava-me a exercer funções de duas pessoas, porque um dos meus colegas estava de baixa médica. Cheguei a estar no meu posto de trabalho com bastantes dificuldades em concluir pequenas tarefas quotidianas que me eram atribuídas. Muitas vezes, não conseguia terminá-las. Ficava parado a olhar para o ecrã do computador sem conseguir fazer o que tinha começado. Só minutos depois ganhava coragem para o finalizar. Por outro lado, havia tarefas que começaram a ser arrastadas e a serem concluídas em dois ou três dias».

«Não conseguir ter uma noite completa de sono»

«Habitualmente, sou bastante produtivo e não gosto de deixar nada de um dia para o outro. Ultimamente, não era isso que acontecia, o que me fazia sentir mal. Tinha oscilações de apetite, passava de comer muito, num dia, para não querer comer nada, no seguinte. Outro dos sintomas era sentir-me bastante cansado após um dia de trabalho e, mesmo assim, não conseguir ter uma noite completa de sono. Chegava a acordar duas e três vezes, sem razão aparente». Miguel Oliveira acabou por procurar ajuda médica e recebeu o diagnóstico: sofria de burnout.

Patologia antiga, reconhecimento recente

A patologia não é recente, até porque há muito tempo que há pessoas a queixarem-se destes sintomas. Contudo, agora, trata-se de uma síndrome reconhecida pela OMS.

João Bravo é formado em Naturopatia e Osteopatia e, após alguns anos de investigação, publicou recentemente o livro Burn Out, onde integra Medicina Natural, técnicas de relaxamento e alimentação saudável. O naturopata lida de perto com esta questão e explica que não estamos perante uma patologia nova. «O burnout é aquilo que as pessoas vulgarmente conhecem como esgotamento. É um estado de exaustão física, emocional e mental». 

Estado de fadiga ou de frustração

«O conceito foi descrito pela primeira vez em 1974, por Herbert Freudenberger, e define-se como um estado de fadiga ou de frustração motivado pela consagração a uma causa, a um modo de vida ou a uma relação que não correspondeu às expectativas. Pode também ser sinónimo de depressão, mas é mais do que isso».

No caso de Miguel Oliveira, o excesso de trabalho está, definitivamente, ligado a esta doença. Até porque, no local onde trabalha, não é o único a sofrer do mesmo mal. «Um dos meus colegas teve o mesmo diagnóstico durante meses. Por isso, penso que cheguei a este ponto devido ao stress profissional. Sendo team leader de uma equipa de um call center, muitos são os fatores stressantes que poderão ter contribuído para isso». 

“Bom coração” propício para o burnout

Miguel tem o perfil de quem acabaria por sofrer de uma enfermidade destas. O perfeccionismo é uma característica de personalidade que pode transformar-se numa grande inimiga. Mas não é a única. «As pessoas perfecionistas, com baixa autoestima ou com “bom coração” são as que mais sofrem com este problema. E quem tem problemas familiares, financeiros, conjugais ou laborais também é propenso a esta patologia», esclarece João Bravo.

Apesar de o burnout ser mais comum em indivíduos com idades superiores a 25 anos, também é possível diagnosticá-lo em crianças ou em idosos. «Sim, é possível. Alguns pais andam muito ansiosos e acabam por transmiti-lo aos filhos. Devido ao ritmo de vida atual, não há tempo para brincar e mimar os filhos».

O burnout nas crianças

«Não nos podemos esquecer que as crianças aprendem por imitação. Também o uso excessivo de tablets, telemóveis, computadores, televisão e consolas de jogos conduzem ao isolamento, criando excitabilidade cerebral excessiva. Para além disso, a exposição à luz e à radiação que estes aparelhos emitem inibe a produção de determinadas hormonas. Por exemplo, serotonina e melatonina. Por outro lado, na escola, os recreios são muito curtos: dez para 90 de aula. As pausas deveriam ser de 25 a 30 minutos. Não tenho dúvidas de que, com mais recreio, as crianças teriam melhor rendimento escolar».

Mente sã em corpo são

«Ainda na escola, atualmente, há a tendência para valorizar Matemática, Português e outras disciplinas em detrimento da Educação Física, fundamental para o bom desempenho mental das crianças. Corpo são em mente sã. Também se desprezam as disciplinas criativas, como Educação Visual e Música. Por outro lado, por vezes as crianças têm demasiadas atividades para além da escola e dos trabalhos de casa – Catequese, Futebol, aprender outras Línguas, Dança, etc. Não têm tempo de relaxar. Crianças que não brincam, não convivem e não podem ter bom desempenho mental e social. As crianças precisam de brincar. Quem não sabe brincar não sabe pensar. Muitas vezes, tornam-se reprodutoras de pensamento e não verdadeiras pensadoras. Portanto, é necessário ensinar as crianças a fazerem escolhas», conclui.

Leia, no Portal de Notícias Impala, a reportagem completa, onde se dão também a conhecer os sinais de alerta do Burnout.

Texto: Lídia Belourico | DescobrirPress

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