“Sexualidade e a Revolução dos Cravos” é o tema a próxima “Conversa sobre Sexualidade”, organizada pelo Museu da Farmácia.
Uma conversa que tem por objetivo analisar o impacto da pílula contracetiva nas diferentes formas de sentir e de agir com a sexualidade na sociedade. Decorre a 22 de abril, poucos dias antes do 45.º aniversário da revolução de abril, data que assinala também a aceitação pública deste método anticoncecional.
As convidadas de “serviço”
Isabel Freire, socióloga e investigadora; Maria Antónia Palla, jornalista e uma das fundadoras da Liga dos Direitos das Mulheres; Maria de Fátima Bonifácio, historiadora e investigadora; e Maria Filomena Mónica, socióloga, escritora e investigadora, são as convidadas para a conversa. A moderação cabe a Patrícia Pascoal, presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica.
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A pílula, enquanto primeiro medicamento para inibir a ovulação, foi uma das mais completas revoluções a nível mundial. O seu aparecimento implicou uma mudança desafiante na sexualidade, mas também a outros níveis: fisiológico, social, religioso, cultural, político, económico, emocional e demográfico, que teve os primeiros passos ainda nos anos 20 do século XX, mas apenas com resultados na sociedade nos anos 60.
O Museu da Farmácia possui uma das primeiras embalagens dos anos 60 deste medicamento, o Anovlar, a primeira pílula contracetiva oral, lançada pela Schering.
Pílula em Portugal
Terá chegado a Portugal possivelmente em 1963, comercializada não como pílula contracetiva, mas como medicamento para regular e aliviar os sintomas desagradáveis do período menstrual das senhoras. “Propagou-se” a partir de 1968, durante a Primavera Marcelista e com um discreto fechar de olhos por parte da Igreja Católica.
Mas só com a chegada da democracia, a 25 de abril de 1974 e a abertura para a sexualidade, a pílula foi encarada publicamente como método científico anticoncecional.
A caixa de medicamento de Anovlar é a peça de coleção que dá mote à conversa no próximo dia 22 de abril.
O “Ciclo de Conversas sobre Sexualidade” é uma iniciativa coordenada por João Neto, diretor do Museu da Farmácia, e Isabel Pires, responsável dos Serviços Educativos da ANF. Conta com o apoio da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica e da World Association for Sexual Health.