Em 2010 foi lançado em versão papel o primeiro (e único) dicionário de Língua Gestual Portuguesa (LGP). Oito anos depois está disponível em formato online. A partir de agora será possível consultar, no site da Infopédia, mais de 5300 palavras e receber a tradução para LGP.
Se pesquisar por uma palavra, aparece um vídeo onde o intérprete de LGP a verbaliza primeiro e depois gestualiza-a. A acompanhar os vídeos estão uma descrição escrita do gesto e uma imagem que mostra a configuração correcta das mãos.
Ana Bela Baltazar, psicóloga, intérprete e professora de LGP é a autora do dicionário. Numa entrevista ao P3, Ana afirma tratar-se de um «projeto muito ambicioso». «Demorei quatro anos a fazê-lo.»
A Porto Editora desafiou a psicóloga a adaptar o dicionário para o formato online. Para a autora, as 5300 palavras são uma boa perspetiva, mas não chegam. Desta forma, Ana Baltazar propôs à editora o aumento do número de palavras. «A língua gestual é uma língua que está em constante desenvolvimento e também sofre alterações.»
O objetivo desta nova versão do dicionário é enriquecer o vocabulário e o conhecimento da língua portuguesa. Os membros da comunidade surda têm algumas dificuldades em interpretar a língua na versão escrita. «Existem palavras na LGP que não existem na língua portuguesa e vice-versa», afirma a autora. Tratam-se de línguas com regras gramaticais diferentes que não podem ser ultrapassadas ao pegar num dicionário somente de língua portuguesa.
«A língua gestual exige outros parâmetros que não só o gesto em si, a palavra», revela. A configuração da mão, movimento, expressão não-manual, localização e orientação. Estes são os cinco critérios base da língua gestual portuguesa. Ana Baltazar alerta para o facto de estas serem competências desenvolvidas e que não podem ser substituídas por computadores.