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«O meu patrão disse-me que como eu estava em idade de ter filhos, não me deixava evoluir na empresa»

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publicado há 5 anos
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Parece mentira, mas não é!

O meu patrão chamou-me ao gabinete dele e começou com a conversa que eu esperava há vários anos. Falou do meu profissionalismo, da minha entrega laboral, da minha forma de agir perante as dificuldades, do facto de ser uma trabalhadora exemplar… De tudo aquilo que, a bem da verdade, tem razão.

Entrego-me a 100 por cento em tudo o que faço. Sou empenhada e não deixo, nunca, nada por fazer para o dia seguinte. Acho que essa deveria ser a responsabilidade de todos os trabalhadores. Na verdade, não acho que faça mais do que a minha obrigação. Estes são os meus deveres enquanto trabalhadora de uma empresa. É assim que tenho de fazer para que, no final do mês, receba justamente (não me refiro a valores), o meu ordenado.

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Bom… conversa para cá, conversa para lá e eis que… O discurso vai para a questão da minha idade – tenho 32 anos – e o facto de estar na altura de ter filhos.

Aí… parei! Aliás… congelei!

Começou a dizer-me que apesar de todas as minhas qualidades não me poderia dar um cargo superior como era merecido, porque ao mesmo tempo não achava justo eu ser promovida e pouco tempo depois ir para casa deixando o lugar vago durante uns meses.

Continuei congelada, até que… acordei para a vida!

A primeira pergunta que lhe fiz foi: «Mas quem lhe disse que estou a pensar em ter filhos?» A segunda foi: «Se isso fosse mesmo real, o que me impediria de continuar a ser profissional tendo filhos?» A terceira: «Como é que um patrão pode dizer que tem uma trabalhadora exemplar, mas só não a promove porque meteu na cabeça que ela iria engravidar depois disso?» 

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Disse-lhe ali umas quantas verdades e acabei, ao fim e ao cabo, por falar talvez mais do que devia, mas não me pude calar. Esse é o problema de vários patrões. Acham que têm “a faca e o queijo na mão” e que sabem tudo sobre nós. Pensam também que são eles que agarram no comando e organizam a nossa vida da forma que querem e bem lhes apetece.

Saí daquele gabinete com uma certeza: não seria aquele homem a decidir o que quer que fosse na minha vida; nem quando eu deveria engravidar, nem quando lhe apetecesse promover-me só porque sim, apesar de, segundo ele, ser «uma trabalhadora exemplar.»

Nos dias seguintes, procurei, procurei, procurei, enviei currículos, deitava-me tarde a tentar um novo rumo e, duas semanas depois… consegui a entrevista que mudaria a minha vida.

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Num curto espaço de tempo despedi-me e comecei numa nova empresa. Nada queria dizer que não pudesse passar pelo mesmo, mas… ao menos tentei e não deixei que o meu ex-patrão fizesse o que quisesse da minha vida.

Imaginem só… passado um ano de estar na nova empresa, engravidei! E não deixei de ser promovida nesse curto espaço de tempo.

Por isso, não desistam nunca! Não deixem que os vossos patrões comandem a vossa vida! Nunca! Lutem por vocês, por nós.

Ah… e quanto ao meu ex-patrão… quando lhe disse que me ia embora, ofereceu-me a promoção e (bem) mais dinheiro. Ri-me e disse “à boca cheia” que não, pois ele tinha tido tempo para isso antes da conversa inútil que tinha tido comigo.

Ele engoliu em seco e espero que tenha servido de lição para que não faça o mesmo com as mulheres que trabalhem e vierem a trabalhar naquela empresa.

Texto: L.I.

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