Já me tinham avisado que depois de um bebé nascer, eu teria de ter ouvidos moucos. Teria de criar uma carapaça à minha volta e à volta do bebé em relação às opiniões alheias. Diziam-me que eram muitos palpites. E eu não acreditava! Diziam-me que me ia «passar». E eu achei que tudo era exagero. Mas não! Não é exagero! É real!
Desde que o meu filho nasceu – há três anos -, que sinto na pele o que me diziam. «O menino está a chorar, se calhar tem fome», «devias vestir-lhe mais roupinha, se calhar tem frio», «se calhar tira-lhe o casaquinho, porque de certeza que tem calor», «tem pouca roupa na cama», «tem muita roupa na cama», «o tapete no quarto pode fazer-lhe alergia», bla bla bla bla bla bla.
Não param de lançar ideias para o ar, têm a certeza absoluta de tudo, fazem de nós mães inseguras e irresponsáveis… Muitas vezes (a maioria!) tenho a certeza que não é intencional e que até nem têm consciência do «mal» que nos fazem, mas cansa. Cansa, uma mãe que acaba de ter um filho, ter de «levar» com tantas certezas de todo o lado.
Estamos a criar uma nova vida, uma nova família. Queremos criar as nossas defesas e aprender com os nossos erros. Não queremos viver os acertos e erros dos outros! Queremos apenas que nos deixem adaptar à nova realidade.
Ao início custou-me e cheguei – e ainda chego! -, a responder torto a algumas pessoas. Opiniões, aceitam-se! Verdades absolutas, não. Não existem! O que é correto para mim, não é correto para os outros. O que é perfeito para os outros, não o é para mim. Será difícil entender?
Cabe a cada mãe e pai educar os filhos à sua maneira. Aprendem e crescem uns com os outros. Deem-nos espaço e tempo para podermos aprender à custa dos nossos erros.
Não somos super-heróis, mas somos (super) humanos. Por isso deixem-nos usar os nossos (super) poderes à nossa maneira.
Textos: Alice Alves
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