Sandra Castilho e Jorge Palhares ficaram conhecidos do público português por terem participado num reality show. Foi no “Love on Top”, da TVI, em 2016, que se conheceram e aí nasceu uma bonita história de amor.
Dois anos depois o casal quis aumentar a família e a notícia de uma gravidez tão desejada veio dar um novo alento à relação. A verdade é que, apesar de aos três meses de gestação estar tudo aparentemente normal com o bebé, numa ecografia perto dos cinco meses, “o mundo desabou” para esta família. «Nós perdemos o nosso filho… não foi aborto espontâneo. O bebé estava muito mal formado», contou Sandra, de 29 anos ao site da revista TV 7 Dias.
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Se a notícia veio dar cabo de toda a felicidade que estavam a viver, então o processo abortivo foi ainda mais complicado para Jorge e Sandra. «Tiveram de provocar o parto. Podia ser egoísta e dizer ‘ele vai morrer dentro de mim’ ou tirar. Estava de quase cinco meses… aquilo foi um bocadinho negligência médica. Eu estava a ser seguida no particular e, quando o médico viu que havia malformações, encaminhou-nos para o hospital público», relata e acrescenta que nas primeiras ecografias não foi detetado nada de anormal no bebé: «Nada, nada. Uma gravidez normal, tudo a correr bem. Quando fomos fazer essa ecografia, disseram-nos que a prega da nuca estava muito aumentada. Fizemos o rastreio pré-natal, todos os testes e mais alguns e foi quando nos disseram que os testes estavam todos negativos para doenças e malformações e foi nessa altura que o médico decidiu lavar as mãos e mandar-nos para o público».
«O bebé tinha os órgãos a falir. Estava completamente defeituoso»
Esta situação acabou por unir ainda mais o casal. Mas nada apaga o que passaram. Tanto Jorge como Sandra receberam apoio psicológico. «Tive de ser acompanhado por um psicólogo. Ele receitou-me alguma medicação porque eu não conseguia dormir. Essa medicação tinha como efeito secundário engordar e foi um arrastão. Já passou mais de um ano desde que perdemos o bebé e achámos que era altura certa para cuidarmos de nós e esquecermos o que ficou para trás. Recomeçar. Quando for a altura certa, tentamos novamente ser pais. Primeiro, queremos sentir-nos bem, física e mentalmente», garante o jovem de 30 anos.
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«Tentei fazer-me de forte… Na altura, o Hospital de São João disponibilizou-se logo para me dar consultas de psiquiatria e eu rejeitei. Não queria tocar mais naquele assunto. Eu iria interiorizar e iria ser eu, todos os dias, a lutar contra essa mágoa. Optei por não ter acompanhamento. Hoje em dia, quero e já pensei nisso. Vai ser a próxima etapa, o ponto final para acabar este ano. Como já estou com a auto-estima mais elevada, penso fazer essa consulta, para perceber se fiquei com alguma mazela. Mas acho que não, que estou a conseguir ultrapassar», explica Sandra.
Sandra e Jorge pensam em tentar ter novamente um bebé «daqui a uns dois anos.» «Talvez seja o tempo ideal para deixarmos tudo para trás e voltarmos a tentar ser pais».
Texto: Raquel Costa com Andreia Costinha de Miranda