É uma guerra sem fim e não sei se alguma vez vou ganhar. Em cinco anos tivemos dois filhos e ele faltou dois dias no total ao trabalho. Isto, porque eu estava com uma entorse no pé… Mas não pode ser sempre a mãe a faltar, pois não?
Vivo neste dilema desde que fui mãe pela primeira vez. Já sabíamos que ia ser difícil e que as crianças adoecem muitas vezes, mas o combinado foi alternarmos para não ser sempre o mesmo a faltar ao trabalho. Mas não acontece.
Entre o meu ordenado e o dele, é o dele que prevalece. Ele ganha o dobro de mim, trabalha mais e tem maior responsabilidade. É um facto. Mas o meu emprego não pode nem deve ser desrespeitado nem colocado para segundo plano. Eu também pago as contas da casa, das creches, das atividades, dos carros, de TUDO! O meu ordenado também conta, porra!
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Desta vez decidi desabafar, porque estou com os miúdos em casa doentes… outra vez. A questão que coloco é sempre a mesma: «Amor, consegues ficar desta vez com os miúdos em casa?» A resposta é sempre a mesma. É complicado, há reuniões, não consegue faltar porque coordena uma equipa. E remata com a célebre frase: «Amor, sabes que eles ficam melhor com a mamã…» Caraças, NÃO PODE SER ASSIM!
Se calhar há mães que se identificam comigo, outras que compreendem as minhas queixas, mas aceitam que devo ser eu a faltar… e ainda deve haver aquelas mães radicais que jamais permitiriam isto, mesmo que as discussões coloquem em causa o casamento. Mas para mim não é assim. Porque eu amo o meu marido e ele é um excelente pai. Só gostava que ele compreendesse que eu também sou imprescindível no meu posto de trabalho… Só isso!
Esta mentalidade da mãe ter que ficar em casa com os filhos doentes e o pai nunca faltar ao trabalho TEM DE ACABAR!
Texto: Inês Simões
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