É um sentimento de outro mundo, é aprender a viver num mundo completamente à parte, é andar na rua e ver pais com bebés e sabermos que o nosso corre risco de vida.
É viver em sobressalto, entrar naquela unidade todos os dias com medo de que alguma coisa de ruim aconteça.
É contar os pingos de leite que saem dos seios da mãe, pois sabemos que são fundamentais para eles.
É ver os nossos filhos através de plásticos, com luzes a ofuscar a visão, tocarmos com medo de os magoar, pois parecem-nos tão frágeis. É sermos assombrados com o som das máquinas a fazerem “Pi…Pi…Pi” e ter o coração aos saltos com medo que justifique algo de grave.
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É ter o telemóvel com som todas as noites, com vontade de ligar a todas as horas para saber se está tudo bem.
Porém, ser pai ou mãe de um bebé prematuro é aprender que os milagres existem, é ter o privilégio de ser a crescer simples coisas, tais como as orelhas. É aprender que o Ser Humano já nasce com uma força inexplicável e que estes bebés são autênticos milagres.
Apesar de todos os medos pensamos sempre que o pior não vai acontecer, até que de repente de um dia para o outro nos tirou o chão.
De dois guerreiros, um perdemos fisicamente quando nada aparentava que tal fosse acontecer. Vimo-nos forçados a lutar por um e a viver por um e a sair da área de internamento de lágrimas no rosto quando percebemos que só trazíamos um connosco.
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Aí sim percebemos, ser pai ou mãe de um bebé prematuro é viver um dia de cada vez. É passar toda a vida com medo, com receio que algo lhe aconteça. É agradecer todos os dias pela força que Deus nos dá e que o nosso Guerreiro nos transmite.
Ser pai ou mãe de prematuros e mesmo isso. É sentir angústia, medo, mas uma enorme felicidade pelo lutador que temos e pela forma como ele nos demonstra que vale a pena viver. É acreditar que mesmo quando tudo escurece, existe uma luz e que tudo é possível.
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Texto: Andreia Gomes