Bebés/Crianças

O que é o ‘Afogamento Seco’?

Redação
publicado há 6 anos
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O termo ‘Afogamento Seco’ tem feito correr muitas linhas na Internet, mas afinal o que é isto? Devemos preocupar-nos sempre que as nossas crianças se atrapalham momentaneamente com a água na praia ou na piscina? A enfermeira Catia Godinho, do projeto A nossa mãe é enfermeira, mostra-nos neste artigo que não há razão para alarme!

Muito se tem falado nos últimos anos sobre o ‘afogamento seco’ em crianças, em como o simples facto de engolir água na praia ou piscina é o suficiente desencadear um fenómeno que pode ser fatal 48 a 72 horas após o contacto com a água.

Mas é preciso falar mais sobre isto e falar correctamente!

Eu ainda vou recebendo notificações em grupos de mães que me pedem ajuda preocupadas com este fenómeno e em 2017 aqui em Lausana, na Suíça, o serviço telefónico equivalente à Saúde 24 recebeu nas primeiras semanas de verão qualquer coisa como 50 chamadas telefónicas de pais muito assustados com medo deste fenómeno.

Assim, dois pediatras com quem trabalhei no Hospital Universitário de Lausana e um enfermeiro da central telefónica, decidiram então escrever um artigo baseado em fontes científicas para desmistificar este assunto e assim incentivar pais e crianças a aproveitar o verão com muita vigilância e poucos medos!

Segundo os autores, o termo ‘afogamento seco’ utilizado para descrever um edema pulmonar secundário à penetração discreta de água nos pulmões e podendo ocorrer vários dias após o contacto com a água, não existe na literatura médica.

Este termo terá provavelmente resultado de um aproveitamento incorrecto e sensacionalista do mesmo termo usado em medicina legal para descrever uma morte que aparentemente se deveu a um afogamento mas em que não houve penetração de água no pulmão (na maioria dos casos devido ao bloqueio da laringe que impede a entrada da água nos pulmões) fazendo assim com que a real causa de morte seja asfixia e não afogamento, falando-se então de um afogamento seco.

Assim, os autores concluem que é possível que os casos citados pela comunicação social que deram origem a que tanto se escrevesse sobre o assunto deixando pais e mães com (ainda mais!) medo da água, se devam na realidade a complicações não tratadas de um afogamento. Ou seja, teria havido de facto um contacto real da água com os pulmões, fazendo com que se trate efectivamente de um afogamento e não apenas do facto de engolir água.

Uma das complicações de um afogamento não fatal é de facto o edema pulmonar, seguido de dificuldade respiratória aguda importante que pode levar à morte.

É importante saber que, se uma criança engole água, é normal que possa tossir durante um breve período de tempo, sendo que imediatamente após o episódio a criança volta ao normal, sem quaisquer sinais ou sintomas que façam lembrar o que aconteceu.

Já no caso de um afogamento temos sinais como interrupção da respiração ou dificuldade/incómodo ao respirar, coloração azulada ou pálida dos lábios e/ou das unhas, alterações do estado de consciência, um comportamento que não é habitual…

Nestes casos, e mesmo que os sintomas desapareçam rapidamente, a criança deve ser vista.

Ou seja, numa criança que está bem, que não apresentou nenhum sinal de dificuldade respiratória no momento, não irá alguns dias depois ser vítima do fenómeno de que tanto se fala e se o que aconteceu foi algo mais do que o simples ‘engolir água’, deve ser vista de imediato.

É extremamente importante e nunca é demais relembrar que:

– Devemos manter sempre as crianças debaixo de olho quando estão em contacto com a água, e crianças com menos de 4 anos devem ter uma vigilância constante;
– Pequenas quantidades de água como as piscinas insufláveis para bebés são o suficiente para provocar um acidente grave: uma criança com menos de dois anos pode afogar-se numa poça de água devido ao peso da cabeça em relação ao resto do corpo, tornando impossível para a criança conseguir levantar-se se cair com a cara dentro de água. Isto não é exagero, é real e aconteceu aqui na última primavera com uma criança de 18 meses no jardim de casa;
– o afogamento é rápido e silencioso e não devemos nunca deixar crianças pequenas perto da água sem vigilância.

Bons mergulhos!!

Fonte do artigo em questão: https://www.planetesante.ch/Magazine/Sport-loisirs-et-voyages/Noyade/La-noyade-seche-existe-t-elle

 

Texto: Cátia Godinho do projeto A Nossa Mãe é Enfermeira

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