Família

«Nenhum filho está preparado para saber que a mãe tem cancro»

Filipa Rosa
publicado há 6 anos
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Faltavam duas semanas para o Natal quando Isabel Duarte descobriu que tinha cancro da mama. Um verdadeiro murro no estômago com o ano de 2016 a terminar. «Recebi um presente envenenado, como eu costumo dizer…», conta ao site Crescer aquela que foi totalmente surpreendida com o diagnóstico. «Fui com a minha filha ao médico, porque tinha um caroço que andava a incomodá-la. Felizmente não era nada. Eu aproveitei também para marcar uma mamografia, por rotina.»

Isabel não estava à espera de receber uma notícia destas, a 15 de dezembro, no dia seguinte ao seu aniversário. «Fui fazer o exame sozinha… e depois de saber chorei imenso nesse dia e nos seguintes, sempre sozinha, porque não queria que a minha família me visse em baixo», recorda. Apesar do choque inicial que provocou uma enorme tristeza, a sua força interior e esperança abafaram qualquer sentimento negativo. «Encaro a doença de frente. Gosto de celebrar a vida e sei que vou continuar a fazê-lo. Isto é uma luta e a vencedora vou ser eu!»

«Como vou contar aos meus filhos que tenho cancro?»

Para Isabel «não há forma de contar uma coisa destas aos filhos…» Decidiu reunir a família à mesa, no final de um almoço que não acabou como todos os outros. Os filhos – Tiago (34 anos), Pedro (28) e Maria (22) – não reagiram da melhor maneira, como já era de esperar. «Andei quatro dias a tentar encontrar uma forma para lhes contar. Quando lhes contei, vi o mundo desabar nos olhos deles. Foi um choque, choraram como nunca os vi chorar», começa por relatar um dos momentos mais emotivos da sua vida. «Quanto mais velhos são os filhos, mais difícil é receberem uma notícia destas. A palavra cancro ainda é como uma sentença de morte. E se não lhes contarmos e falarmos do assunto abertamente, acabam por saber por outras pessoas. Por isso tinha mesmo de lhes contar o quanto antes…»

Olá quimioterapia… adeus cabelo!

2017 foi um ano difícil para a sua família. Porém, ao longo de toda a conversa com o site Crescer, Isabel nunca perdeu o sorriso e a sua postura forte e confiante. As sessões de quimioterapia foram inevitáveis e as cirurgias também. «Foi um ano terrível, não só a nível físico, mas psicológico também. Para além das inúmeras sessões de quimioterapia, fiz três cirurgias em dois meses. Mas nunca me deixei ir abaixo. Nunca pensei na morte, nem me passa tal coisa pela cabeça! Os tratamentos foram duros, mas faz parte, tem de ser… A minha vida dependia da quimio. Quero continuar a viver a vida intensamente com os meus», confessa confiante. «Temos de pensar que isto é temporário, resta-nos esperar pela recuperação…»

A queda do cabelo faz parte do processo de tratamentos e Isabel decidiu, tal como tantas mulheres que passam pelo mesmo, rapar a cabeça. As perucas foram a alternativa aos lenços. Nunca gostou de os usar. «Custa sempre, claro, principalmente para uma mulher, mas encarei isto de forma natural. Faz tudo parte do processo de cura. Não somos coitadinhos… Com lenços sinto-me doente, tal como se não estiver maquilhada.»

No mesmo dia, o filho do meio também rapou a cabeça, surpreendendo a mãe pela negativa. «Fiquei mesmo zangada… Não queria nada que ele o tivesse feito!», referiu aquela que não esquece o amor, carinho e apoio recebido pelos três. «Tenho filhos maravilhosos… Nunca me abandonam. A Maria foi a minha enfermeira pessoal. Era ela que me ajudava na higiene, que me maquilhava… Todos eles cresceram imenso, amadureceram muito mesmo!»

Quem precisou de mais apoio foi o filho mais velho. «O Tiago foi o que precisou de mais ajuda para lidar com a situação. Como já não vive comigo, passava a vida angustiado, ansioso e preocupado. O avô morreu com cancro do pâncreas e marcou-o muito…»

Atualmente a doença de Isabel está estável e sob vigilância.

 

Coragem a outras mães

Isabel faz questão de deixar uma mensagem de apoio e esperança a outras mães que esteham a passar pelo mesmo:

«Esta é uma fase da vida que um dia vamos recordar… Se isto nos aconteceu, temos de ultrapassar! Temos de passar pelo processo para tentar lutar contra a doença. A outra opção é desistir e deprimir, mas isso não abranda as dores nem a doença… É viver um dia de cada vez…

O apoio do marido, dos filhos, amigos e família é fundamental! É a nossa grande salvação… Amor e carinho fazem parte do processo de recuperação.»

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