Nasci no Dia da Mãe. Um dia inesquecível para a minha família. Podia não estar cá para contar a história…
O parto foi muito difícil. A minha mãe ainda hoje fala nisso. Nasci e nem me colocaram no colo dela. No momento nem se apercebeu que eu estava entre a vida e a morte.
Ninguém previa o que se passou. Foram muitas horas em trabalho de parto. E quando nasci tinha o cordão umbilical à volta do pescoço. Nasci com falta de ar. Era azul. Aliás, completamente roxo. A equipa médica ficou em pânico. Levaram-me logo para outra sala e perceberam que tinha de ir para as urgências de outro hospital da cidade.
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Mas o que mais temiam aconteceu. A caminho morri na ambulância. O meu coração parou. Era suposto estar morto. Estive vários segundos sem vida. Até que conseguiram reanimar-me. Não sei pormenores. Nunca quis saber. Faz-me impressão pensar que podia não estar vivo.
A partir daí recuperei bem e não tive qualquer mazela. Cresci saudável e sem qualquer problema de saúde. Mas sei que, durante muito tempo, os meus pais olhavam para mim de forma especial. Ficavam horas a apreciar-me. Ainda hoje agradecem a Deus eu ter sobrevivido e todos os anos fazemos questão de ir até Fátima acender uma vela.
Curiosamente, apesar de ser um recém-nascido, isto teve implicações na minha vida toda. Qualquer coisa que tenha à volta do pescoço faz-me confusão. Não sei explicar. Não consigo usar cachecóis nem camisolas de gola alta. Gravatas só uso quando é mesmo necessário. É incrível como algo que me aconteceu no início da minha vida se reflete hoje em dia na vida adulta.
Texto: Tiago Tavares
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