Há uns tempos a minha prima/irmã que tem um miúdo agora com um ano, dizia-me que tinha que reaprender a ser ela, independentemente de ser mãe. Senti profundamente as palavras por saber tão bem ao que se referia. Eu demorei mais tempo…
Acho que só perto dos dois anos e meio olhei novamente para mim. Não quer dizer que tenha andado descuidada, desleixada… mas passei a ser e ver-me como a «mãe», tornando ainda mais significativo o vício (que já tinha) de colocar geralmente as necessidades dos outros à frente das minhas… Querer ser sempre melhor, mas para os outros e não tanto para mim…
No verão de 2017, no nosso aniversário de casamento, foi a primeira vez que fomos jantar fora a dois e passámos uma noite fora. Passámos depois a aproveitar ocasionalmente um jantar a dois quando os avós (de longe) vinham passar o fim de semana. Um segredo: sabe bem, tão bem e é mesmo preciso!
Tomei no último dia de 2017 uma decisão que me foi particularmente difícil: abdicar de muito tempo de família para fazer o que eu sabia já há meses (na verdade talvez anos) que precisava de fazer, o que mais me custava era pensar no quanto poderia estar a ser egoísta ao decidir deixar de ter, durante uns tempos, fins de dia e fins de semana, tudo extra trabalho…
Por mim, para mim, fiz a certificação internacional de coaching, área que há muito me fascinava e que acreditava que iria contribuir para o meu desenvolvimento pessoal, para a minha aprendizagem da parentalidade e para as capacidades de liderança da equipa… Descobri muito mais do que isso, afinal era não só exatamente o que precisava mas estava até na minha essência. Seguiu-se ainda outro desafio que surgiu de forma natural, a certificação em programação neurolinguística que me levou ainda mais tempo, mas me abriu ainda mais os horizontes.
Em abril, por ter formação, fiquei um fim de semana sem o meu marido e filhote que foram ao norte, estive algum tempo sozinha e fez-me tão bem, consegui refletir e perceber o que queria para a vida e quero, sem dúvida, viver de forma apaixonada, em tudo e não deixar de cuidar de mim.
E cuidar de nós às vezes são coisas tão simples quanto desafiantes… como ir comprar roupa para nós e sair da loja mesmo com roupa para nós e não para os miúdos ou até mesmo um workshop de automaquilhagem.
Ou, pela primeira vez, deixar o miúdo ir de férias com os avós para poder trabalhar, organizar o escritório e organizar a casa para que a vida também fique mais organizada. Foi estranho ao início mas acabou por ser uma semana verdadeiramente produtiva, para todos!
Agora sei que cuidar de nós não é uma decisão egoísta e quando queremos e fazemos as questões certas surgem novas respostas que permitem conciliar tudo.
Hoje sei que precisamos de cuidar primeiro de nós, estar bem, para depois poder cuidar dos outros, não é verdade?
E quando procuramos nos relacionamentos esse bem-estar sem primeiro o sabermos nós encontrar uma relação tem todo o potencial de não vir a funcionar, mas este tema fica para uma próxima ocasião…
Texto: Ana Rita Costa no blogue Caminho Felicidade