«Não digam ‘filho adotivo’… digam apenas ‘meu filho’». A frase é da atriz Sandra Bullock e foi dita numa entrevista à revista InStyle, em 2018, mas continua na ordem do dia.
A expressão “filho adotivo” continua nas “bocas do mundo” e choca, principalmente, os pais. A adoção parece ser, nos dias de hoje, ainda um tema tabu.
«Ninguém chama o filho de ‘filho de fertilização in vitro’»
«Vamos todos referir-nos a essas crianças como ‘nossos filhos’. Não digam, ‘o meu filho adotivo’. Ninguém chama o filho de ‘filho de fertilização in vitro’ ou ‘filho de uma noite no bar’. Então, vamos apenas dizer: ‘as nossas crianças’», referiu a atriz na altura.
Sandra Bullock referiu ainda que, quando se adota uma criança «há um período de veiculação e, se algo der errado, eles têm o direito de levar a criança embora. São seis meses cansativos», continuou.
«Parecia que eu a tinha ‘pedido emprestada’»
A realidade portuguesa não é muito diferente. Lurdes tem 61 anos e há 33 que sabe que o ingrediente mais importante de uma família se chama amor. Não existem laços de sangue com a criança (hoje mulher!) que adotou, mas existem amarras de amor.
Tinha 28 anos quando, depois de anos de tentativas para engravidar, tomou a decisão, juntamente com o marido, de adotar. Joana foi a felizarda – na altura tinha apenas quatro meses.
Foram meses, anos de descobertas e de um amor que cresce a cada dia que passa. «Naquela altura tinha pessoas que olhavam para mim de lado e que não tratavam a minha filha como se fosse minha. Parecia que eu a tinha ‘pedido emprestada’ e que a ia devolver a qualquer momento. Ou seja… as pessoas parecia que não queriam criar laços com a menina», começa por nos contar.
Mas no núcleo mais próximo, essa questão nunca esteve sequer em cima da mesa. «A minha família e os meus amigos mais diretos sempre trataram a Joana como se fosse nossa. Não é do meu sangue, mas é o meu amor maior, que vale mais do que qualquer laço biológico», continua.
«Não nasceu da minha barriga, mas nasceu do meu coração»
Lurdes garante que nunca disse a expressão «a minha filha adotiva» e sempre falou dela aos outros, como sendo mesmo filha biológica.
Ao abordarem a questão da adoção, esta mulher diz que sempre agiu normalmente e que respondia: «Não nasceu da minha barriga, mas nasceu do meu coração». E assim tem sido durante os 33 anos de vida de Joana.
«Hoje em dia parece que nem me lembro que a Joana não nasceu da minha barriga. Isso já nem se põe em causa como no início. Nem a questão da adoção é falada», garante.
«Ela é minha filha e isso nunca vai mudar», finaliza.