Já passaram quatro anos, mas choro a cada telefonema, a cada reencontro e despedida… como se fosse a última das nossas vidas. A dor de perder um filho deve ser inigualável, mas a dor de ver um filho a ganhar asas e voar além-fronteiras é insuportável.
Posso ser egoísta, e sou, mas é o que sinto. A mais pura das verdades. Não consigo aceitar viver longe do meu filho. Não consigo aceitar passar meses e meses a contar os dias para o ver, para o abraçar e senti-lo junto a mim.
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O meu bebé… era tão lindo quando nasceu. Tinha umas bochechas que só apetecia apertar. O meu bebé… chorava a noite inteira. Era terrível! Só queria mimo, maminha, mãe, mãe e mãe… sempre foi tão agarrado a mim! E hoje sou eu que choro todas as noites. Dava tudo, mas tudo para voltar atrás no tempo e refilar menos. Dava tudo para lhe dar mais colo, para lhe dar mais mimo durante a noite, a qualquer hora que fosse, quando quisesse…
Hoje não lhe posso dar o colo que lhe neguei muitas vezes. “Não pode ficar mal habituado”, dizia eu. Que estúpida. Que burra eu fui!
Ele cresceu, ganhou asas e voou… voou para o outro lado do oceano. Finjo sempre que está tudo bem, mas não está. Até já procurei ajuda psicológica. O meu marido é mais forte que eu. É ele o meu apoio.
Anseio pelo dia do seu regresso definitivo, porque é esse o seu desejo. Mas não sei quando será… e até lá o aperto no coração mantém-se.
Texto: R. S.