De vez em quando ouço coisas que me fazem alguma “comichão”, principalmente no que diz respeito às ditas “mulheres reais”.
“Campanha de biquínis com mulheres reais”. “Mulher real na capa de uma revista”. “Finalmente começam a dar mais valor às mulheres reais”.
Tudo isto está relacionado com o corpo. O corpo das mulheres. Os corpos que são tratados como realidade e como falsidade.
Falsos são os moralismos que os bons samaritanos apregoam aos sete mundos com textos, imagens e capas de revistas que são tudo menos reais.
E sabem porquê? Porque somos todas reais! Somos gordas, magras, altas, baixas… não importa! Somos reais! Cada uma tem a sua realidade.
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Toda a minha vida sofri complexos. E não, não pensem que era por ter excesso de peso. Era precisamente o oposto. Cheguei a usar, em pleno verão, em pleno mês de agosto, com altas temperaturas, calças de lã por baixo de calças de ganga para parecer mais “gordinha”…. Ou melhor, para parecer menos magra.
Cheguei a desesperar em lojas de roupa porque, imaginem só, não era por não existir um 38 ou um 40, mas sim porque o 32 me era grande.
E depois leio em revistas, blogues, Instagrams e Facebooks da vida, que as mulheres reais são aquelas que têm as chamadas “curvas”. E eu? Sou o quê? Deixo de ser real por ser magra?
Tenho culpa de compararem a magreza, ao passar fome das modelos de passerelle? Eu não passo fome e sou magra! Eu faço dieta de engorda e nem por nada ganho peso. Eu sou assim… uma mulher real!
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E há outra coisa que me chateia! As imagens que nos últimos anos têm aparecido nas revistas e na Internet como sendo de mulheres reais, são, geralmente, de pessoas plus size. E isto é ofensivo para todas nós! Porque nem todas as mulheres são plus size e nem todas as são de extrema magreza.
Deixem-se de fundamentalismos! Todas somos reais! Gordas, magras, altas e baixas…
Se me disserem que o photoshop das revistas é que torna as pessoas menos reais… aí sim! Concordo! Mas de resto, estou em total desacordo.
Eu sou magra! Eu sou real! E tu?
Texto: Marisa Fernandes
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