Sou uma mulher de 37 anos e até há bem pouco tempo incluí-me no grupo de mulheres que quando falava de assuntos íntimos, falava baixinho para ninguém ouvir.
A razão para tal? Nenhuma! Uma pura parvoíce. Menstruação, dores menstruais, ginecologia, obstetrícia… tudo o que envolve o mundo feminino é ainda tabu e isso começou a meter-me confusão.
Por que razão tenho de falar baixinho quando falo de assuntos que todas as mulheres têm?
Por que razão tenho de evitar falar destes temas à frente dos homens?
Vergonha do meu corpo? Vergonha de um tema de mulheres, que muitas vezes também implica homens? Era o que faltava…
Mudei a minha maneira de pensar, a partir do momento em que tive uma infeção urinária (que os homens também podem ter!). Disse a um amigo que tive nas urgências e ele perguntou-me que se passou. Nesse instante, disse a verdade, que tinha uma infeção urinária.
Ele ficou desconfortável. E eu perguntei o porquê de ter ficado “incomodado”. Ele disse, envergonhado: «Disseste isso de uma forma tão natural…» E isso deixou-me a pensar.
Mas havia razão para eu ficar desconfortável? Devia ter-me sentido mal a dizer-lhe que estava com uma infeção urinária? Não é uma coisa “banal”?
Desde então não me inibo de falar do que quer que seja e à frente de quem quer que seja.
Quando deixarmos de ter vergonha de abordarmos os assuntos de mulheres (e não só!) e falarmos de coisas de forma natural, as coisas serão muito mais fáceis.
Vamos deixar de ter preconceito, deixar de ter vergonha, deixar de nos importamos com os olhares ou palavras alheias…
Os nossos assuntos têm de ser abordados de forma natural, sem pudores.
Vamos todas fazer parte dessa mudança?
Texto: Carina Martins
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