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«A minha obstetra mentiu no hospital para o meu bebé nascer de cesariana»

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publicado há 4 anos
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Nunca me vou esquecer do que a minha médica fez por mim no final da gravidez. Ela é, sem dúvida, o meu anjo da guarda.

Sempre fui hipocondríaca. E quando engravidei a situação não melhorou. Mas vivi uma gravidez tranquila. Aos sete meses fui para casa, porque já andava muito cansada devido ao peso da barriga. O meu filho nasceu com quase quatro quilos, por isso inchei muito nas últimas semanas.

Fiz o último CTG antes de ser mãe no dia em que completei 39 semanas. Já não aguentava mais. Fui sempre acompanhada numa clínica privada, mas a minha médica também trabalha num hospital público. A partir das 35 semanas, uma vez por semana lá ia eu no dia em que ela lá estava para fazer o CTG.

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Nesse dia não havia sinais de parto. E apesar de na véspera ter feito tudo e mais alguma coisa para ver se as águas rebentavam, o meu bebé queria continuar no quentinho da barriga. Mas eu não aguentava mais. Mal dormia, mal comia, mal andava devido ao inchaço das pernas e pés. Aliás, toda eu estava inchada, até o meu nariz! Estava deformada!

Nesse dia implorei-lhe para ser mãe. Não aguentava mais aquele sofrimento físico e o bebé já só estava na barriga a engordar. Implorei-lhe para ser mãe naquele dia porque queria que fosse ela a acompanhar-me o parto. Desde os cinco meses que sabia que teria de ser cesariana, porque o bebé era grande demais. Por isso implorei-lhe. Tudo, porque se não fosse com ela, iria sofrer horrores com outros profissionais de saúde que me deixariam sofrer até ao último minuto… até perceberem que tinha mesmo de ser cesariana. Infelizmente é o que acontece em Portugal a milhares de mulheres todos os anos.

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Nesse dia, ela mentiu para me ajudar. Como a indução do parto não resolveu nada, avançámos para a cesariana. No relatório falou sobre o inchaço, que era verdade, mas acrescentou a hipertensão, a falta de ar e a dificuldade que o bebé tinha em se mexer, que também era a mais pura das verdades. Assim conseguimos avançar para a cesariana num hospital público e, provavelmente, evitar tragédias como tem acontecido.

Ela protegeu-me, porque sabia que eu iria sofrer se as águas me rebentassem num dia em que ela não estava de serviço. Eu iria estar entregue a médicos e enfermeiros desconhecidos que esperariam horas até que ele nascesse de parto normal. Seriam horas de sofrimento. Horas! E isso poderia prejudicar a minha saúde e a do bebé. Já para não falar das dores e do trauma que iria ganhar.

Com este testemunho, que prefiro não assinar nem revelar nomes de médicos nem de hospitais, quero agradecer a pessoas como esta. A minha obstetra foi o meu anjo da guarda e ainda hoje lhe faço uma vénia! Quem conhece a minha história sabe bem o que sinto. E quem não conhece, mas sofreu até às 42 semanas para ser mãe também vai perceber a minha gratidão imensa.

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