Amo a minha mãe acima de tudo na vida. É um dos meus grandes amores. Tive uma infância tão feliz que nem dá para explicar. Tenho memórias fantásticas das férias, dos meus fins de semana, dos momentos passados em família… Sinto-me uma felizarda.
Mas à medida que o tempo foi passando, a minha mãe foi-se tornando (ou só à medida que fui crescendo é que me apercebi) um tanto ou quanto “paranóica”.
A ideia que passa é que construiu uma bolha de negatividade à sua volta, que afeta todos os que com ela convivem.
Tudo é um drama. Tudo é negativo. Nenhum assunto tem uma abordagem positiva. As coisas mais simples da vida tornam-se no maior dos “pesadelos” na cabeça da minha mãe.
Tento conversar com ela. Tento explicar que é muito negativa e que isso não lhe faz bem a ela nem a quem está à sua volta. Mas quem é que diz que ela entende? De todo! Não entende!
O meu pai tenta, várias vezes, chamá-la a atenção. Mas não leva a bem.
Aquela negatividade constante tem sido, aos poucos, bastante prejudicial para mim. Todos temos os nossos problemas, todos lidamos com os nossos pensamentos e com as questões do dia a dia, e ter uma pessoa constantemente a salientar as coisas negativas, não é mesmo fácil.
Amo-a acima de tudo mas, muitas vezes, a minha mãe não me faz bem. Já evito ir tantas vezes a casa dos meus pais para não ter de ouvir os discursos negativos e para que nada do que eu diga possa gerar os dramas do costume.
Já lhe disse que não lhe fazia mal ir a uma consulta de psicologia, para que possa arranjar forma de contornar essa negatividade, mas… não leva a bem.
É que para além de não lhe fazer bem a ela, também não faz bem a quem a rodeia e garanto-vos que não é, de todo, tarefa fácil.
Texto: Sofia V.
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