Histórias Online

«Mamã, uma mãe tem de amar os dois filhos de maneira igual!»

Histórias Online
publicado há 5 anos
0
Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on LinkedIn

Tinha pensado muitas vezes nesta conversa, sempre a pensar na melhor forma de dar a notícia à minha menina. Ter um irmãozinho ou uma irmãzinha é sempre motivo de alegria, mas o cenário, naquele caso, era um pouco diferente.

Tinha-me separado do pai dela há quase dois anos, e nesse meio tempo já havia casado novamente e estava, aos 43 anos, grávida de um segundo filho, fruto dessa nova união.

Durante sete anos, a Bárbara foi filha única, neta única e sobrinha única (pelo menos do meu lado da família). Assim, dividir o “trono” talvez não estivesse exatamente nos seus planos. Por esse motivo, armei-me e lá fui eu ter a tal “conversa” reveladora.

Até então eu não imaginava quão “reveladora” seria essa conversa…

Leia também: «Ser mãe é reviver a própria vida, mas no corpo e alma de alguém que saiu de dentro de nós»

Sentamo-nos as duas na minha cama e comecei: «Filha, preciso contar-te algo muito importante e muito bom também».

«O quê?» – quis logo saber.

«A mãe tem um bebezinho dentro da barriga… Vais ter um irmãozinho ou uma irmãzinha».

E emendei, com um discurso que entendi ser, naquele momento, o mais apropriado:

«Mas quero que saibas que tu serás sempre a minha princesinha especial, porque foi o meu primeiro amor…»

Ela ouviu atentamente, cravou os seus grandes olhos castanhos em mim e sentenciou:

«Mãe, tu não podes dizer isso! Uma mãe tem de amar os dois filhos de maneira igual!»

Atónita, gaguejei e tentei “arrumar” a situação, ratificando que sim, claro, amaria os dois filhos do mesmo jeito, etc, etc, etc.

Terminada a conversa, fiquei a pensar em como, por tantas e tantas vezes, a minha filha me desarma com sua maturidade. Ela é objetiva, pragmática, direta ao ponto. Não consigo contar o número de vezes em que me senti uma tola, ou uma verdadeira criança ao lado dela.

Leia ainda: «Assumo, orgulhosamente, as marcas da vida no meu corpo»

Talvez esse sentimento se origine do complexo de super-heroínas que todas nós, mães, carregamos: temos que ser maduras, ponderadas, compreensivas, emocionalmente “fortes” e tantas outras maravilhas que só existem nos livros de conto de fadas… A verdade é que muitas vezes não logramos ser metade do que desejaríamos no papel de mães.

Noutro texto já escrevi que, em relação aos nossos filhos, erramos tentando de alguma forma acertar. Isso é intrínseco ao ser humano.

Mais aplicável ainda a quem tem uma ou mais vidas que dependam da sua. Quem sabe não seria o caso de acrescentar mais uma “excusa honrosa” a nós, mães… A nossa “eventual” imaturidade na condução de alguns assuntos pode ser reflexo do amor desmedido, imaculado, inocente – e por que não pueril – que temos pelos nossos filhos.

E onde houver uma mãe amorosa e dedicada sempre haverá uma “desculpa”, um indulto, um perdão, uma absolvição para cada uma dos inúmeros deslizes motivados por excesso de zelo, de amor, e instinto de proteção…

 

Texto: Marcella Bisetto, mãe, advogada e escritora apaixonada

Instagram

@mami_aos_43

@una_mama_de_brasil

Facebook

Mami aos 43

Una Mamá de Brasil

Blogue

www.mamiaos43.com.br

Autora do livro (disponível nas lojas Amazon, em versão digital, no mundo inteiro)

Siga a Crescer no Instagram

Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on LinkedIn

Artigos relacionados

Últimas

Botão calendário

Agenda

Consultar agenda