A morte. Essa coisa horrorosa que destrói famílias. Não interessa a razão. Leva-nos parte de nós. Leva-nos parte da nossa vida. Marca-nos para sempre. Principalmente as crianças. Há uns meses passei pelo mais duro golpe da minha existência. Era feliz. Hoje apenas sobrevivo… pelo meu filho.
Como explicar a uma criança que nunca mais vai ver o pai? Nunca mais vão brincar juntos, jogar à bola, cantar, correr, pintar e fazer tudo e mais alguma coisa…
Perdi o amor da minha vida num acidente de viação. Assim, de repente, de um segundo para o outro. O carro foi encontrado desfeito contra uma árvore. Ninguém sabe o que se passou. Mas isso também não interessa nada. Deixou dois filhos, pais, sogros e uma mulher inconsolável.
O pior de tudo isto? Responder às perguntas do meu filho mais velho, de cinco anos, às suas dúvidas e curiosidades. «Mamã, eu quero saber como estava vestido o papá quando morreu!» A primeira vez que me disse isto engoli em seco. O que interessa isso? «Mamã, eu preciso de saber… O que disse antes de morrer? O que comeu nesse dia? Estava deitado ou sentado?» Meu Deus, ajude-me. Só me apetece chorar…
Nunca soube responder. Bem tentei… Mas não consigo. Prefiro relembrá-lo com boas memórias, falar do seu jeito de ser maravilhoso, do pai, filho e marido que era.
Procurei ajuda, claro. O psicólogo tem sido o meu refúgio. E uma coisa que aprendi é que é fundamental falar do papá diariamente, recordá-lo nas pequenas coisas da vida. Ele morreu, sim, fisicamente apenas! Ele será sempre o papá que eles conheceram. Será sempre a nossa estrelinha que nos vai guiar eternamente.
Mas as lágrimas nunca vão secar…
Texto: Lídia Correia
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