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Leite para crianças alérgicas comparticipado a 100 por cento deixa mães emocionadas

Filipa Rosa
publicado há 5 anos
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O Estado vai passar a comparticipar a 100 por cento os leites destinados a crianças com alergia à proteína do leite de vaca, enquanto utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Várias mães de meninos alérgicos assumem-se emocionadas.

Segundo a portaria publicada esta segunda-feira, 9 de setembro, em Diário da República, a comparticipação do Estado às fórmulas de leite para crianças alérgicas depende de prescrição médica. A prescrição só pode ser feita por médicos especialistas em pediatria e nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, sendo dispensadas exclusivamente nas farmácias de rua.

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Para que esta medida entre completamente em vigor, o Ministério da Saúde ainda terá de aprovar a lista com as fórmulas elementares que se destinam especificamente a crianças com alergia à proteína do leite de vaca. As fórmulas de leite que podem ser comparticipadas a 100 por cento devem ser nutricionalmente completas e especificamente para crianças com sinais graves de alergia à proteína do leite de vaca ou a crianças que mantenham esses sinais mesmo depois de usarem fórmulas extensamente hidrolisadas.

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Para a inclusão dessas fórmulas nessa lista, os pedidos devem ser feitos à Autoridade do Medicamento – Infarmed, que tem 20 dias para apreciar o pedido. A alergia às proteínas do leite de vaca é a alergia mais frequente na primeira infância e é diagnosticada geralmente nos primeiros meses de vida. A principal consequência desta alergia é a malnutrição progressiva, que pode afetar o crescimento e desenvolvimento da criança. Há ainda risco de morte durante um período de anafilaxia.

«Só me apetece chorar!»

O pequeno Salvador, de dois anos, é um dos principais rostos neste país da luta contra a indiferença perante crianças alérgicas. Sílvia Marques, que já foi entrevistada várias vezes pela Imprensa e pelo site Crescer, deixou um testemunho emocionante de alívio na sua página O Alergias. «Só me apetece chorar!», começa por escrever assim que acorda, esta segunda-feira, dia 9, com a boa notícia. «Levanto o cu da cama à pressa e só me dá vontade de gritar, de chorar e dançar… De agarrar o meu toleco com tanta força quanta felicidade cabe em mim! Não consigo conter as lágrimas, não consigo… Escorrem no meio do sorriso rasgado que outrora foi forçado para esconder a dor.»

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Pouco depois, tal como descreve, liga ao marido. «Ligo à minha cara metade, ao homem, pai e suporte desta casa, conto-lhe as notícias, e no meio do choro sai o suspiro de alívio. Ele que tantas vezes desesperou sem saber o que fazer mais, onde ir buscar leite. (…) Foram mais de 14 mil euros gastos em leite nos apenas dois anos deste meu pequeno Guerreiro, leite com um custo em média de 40 euros a lata a cada três dias. Um leite sem opção de escolha, uma lata sofrida, um aperto o peito a cada biberão que ele bebia.»

Sílvia Marques tem sido incansável nesta luta. Nunca desistiu de tentar alcançar o seu objetivo, seu e de tantas mães e pais deste país. Prometeu ao filho lutar até ao fim dos seus dias. Fez barulho e conseguiu marcar a diferença. Em junho não hesitou em aceitar o convite para estar no Parlamento e discutir um assunto muito delicado para muitas famílias. Reuniu-se com o deputado Moisés Ferreira, da área da saúde, com quem partilhou as suas ideias.

«Hoje finalmente sinto-me livre, solta e leve, hoje meu amor a promessa foi cumprida, eu fiz a minha parte, hoje meu pequeno Guerreiro posso respirar fundo e desfalecer. Conseguimos Salvador! (…) Que nunca mais nenhum bebé fique sem leite por não ter como o pagar, que nenhuma outra mãe se sinta desesperada como eu me senti durante longos meses, que nenhum outro pai passe horas e dias sem ver os filhos por trabalhar infindavelmente, e que nenhuma mana seja privada do seu pão para que o mano possa beber leite.»

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