Sei que à primeira vista a minha situação pode causar estranheza para algumas pessoas, mas é isto que se passa. E, no fundo, sei que há muitas pessoas na mesma situação que eu.
Homens e mulheres que não amam os seus companheiros, mas que não se separam porque não têm condições para viver sozinhos.
Tenho 42 anos e tive um casamento feliz, de 15 anos. Desta união nasceram dois filhos. Há cerca de oito meses tomámos a decisão de cada um seguir a sua vida porque o nosso amor deixou de existir. O amor tão bonito que nos unia virou amizade. Não fazia sentido continuarmos a lutar por algo que já não existia.
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Amamo-nos. Mas um amor de companheiros e amigos. Não um amor carnal e de desejo.
Mas depois de muito falarmos, concluímos que, por enquanto, continuaríamos a viver juntos, mas a ter “vidas separadas”. Não tenho como me sustentar sozinha e com dois filhos.
O meu ordenado não chega a 700 euros por mês. Já pensei em arranjar outro trabalho ao mesmo tempo, mas se o fizer, nunca conseguirei estar com os meus meninos. Esta, infelizmente, é uma realidade muito comum entre muitos casais.
Sei que não é vida. Sei que somos novos e temos um caminho pela frente. Mas, mesmo com guarda partilhada, jamais conseguirei pagar uma casa e todas as outras despesas/bem essenciais sozinha.
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Tento procurar casas baratas, tento ver como gerir a minha vida e… não está fácil. É impensável viver sozinha.
Não posso voltar para casa dos meus pais, pois moram a 350 quilómetros de mim.
Não sei como será o meu futuro. Por enquanto só sei que vivo com o meu marido apenas por questões financeiras. Porque amor entre marido e mulher já não existe.
Texto: Anónimo