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«Fui contratada grávida. Sim, leram bem»

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publicado há 6 anos
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Fui contratada grávida. Sim, leram bem. Houve uma empresa louca o suficiente (ou talvez não) para contratar uma mulher grávida. Já tinha deixado o meu método contracetivo bem antes de ser chamada para uma entrevista nesta empresa.

Quando me chamaram fiquei radiante, era a minha oportunidade de dar um rumo diferente à minha vida. Fui passando nas diversas fases de recrutamento e fui selecionada para ficar na empresa. Dias depois descubro que estou grávida. Não cabia em mim de felicidade, mas quando me lembrei da mudança de emprego a ansiedade tomou conta de mim.

Naquele momento pensei que o sonho de uma carreira profissional naquela empresa iria acabar sem sequer ter começado. Não sabia o que fazer, mas sabia que não podia começar desonestamente. A medo, marquei uma reunião com o diretor da empresa e fui falar com ele pessoalmente. Contei-lhe a verdade e disse que queria começar com uma relação baseada na confiança. Senti-me a tremer por todos os lados enquanto falava. Foi então que os meus olhos brilharam quando o ouvi dar-me os parabéns e dizer-me que a empresa ao contratar-me estava a pensar a longo prazo e não no imediato e que queriam ficar comigo na mesma. Naquele momento tive a certeza de que ia trabalhar para uma boa empresa.

Trabalhei quase até ao fim da minha gravidez. Achei que devia isso à empresa e senti-me bem ao ir trabalhar.

Fui uma grávida tranquila, sem pensar muito em tudo o que poderia correr menos bem. Nunca pensei muito na questão da amamentação, achei que iria amamentar, mas sabia que se não corresse bem havia sempre alternativa. Não tinha o sonho de amamentar e, na verdade, até achava estranho as mães que amamentavam bebés depois de um ano de idade. Para mim, até aos seis meses era o suficiente. Que ironia! Hoje com quase dois anos ainda amamento o meu filho!

O apoio no hospital

Quando ele nasceu, num parto por cesariana, a enfermeira perguntou-me no recobro: «Quer amamentar?». Eu acenei um sim com a cabeça. E lá foi ele, muito desajeitado direitinho à mama. No início não foi fácil, ele queria muito mamar, mas não sabia fazê-lo. Tive muito apoio de uma enfermeira no hospital onde fiz o parto. Esteve ao meu lado a ver a pega e a corrigir o que estava mal para o bebé aprender. Esse apoio foi essencial para tudo correr bem. Com a subida do leite, uns dias depois, veio algum desconforto e algumas dores quando o peito enchia muito. Fiz massagens no banho que ajudaram muito nesse período. Nesta fase já o bebé sabia mamar e só queria fazê-lo a toda a hora. Foi muito cansativo, mas, aquele momento só nosso, fazia tudo valer a pena.

Descobri que amamentar um filho é muito mais que lhe dar leite. É criar um vínculo especial entre a mãe e filho, é dar carinho e a segurança de que vamos estar sempre lá, aconteça o que acontecer. Já lá vão quase dois anos e nunca pensei chegar tão longe. Sei que tive sorte, por todo o apoio que tive no hospital e por parte da família. Nunca fiz feridas, nem sofri muito como oiço muitos testemunhos de outras mães. Tive ainda a sorte de poder ter tirado a licença parental alargada e usufruir do meu direito legal às duas horas de dispensa para amamentar o meu filho, sem nunca ter sentido qualquer tipo de pressão por parte da minha empresa para voltar ao meu horário de oito horas diárias. Tive muita sorte, mas procurei também muita informação ao longo desta jornada complicada que é a amamentação. Há sempre quem nos ajude e tire dúvidas, desde outras mães, a CAM’s de Portugal (conselheiras de amamentação), profissionais de saúde, o site e-lactancia (onde podemos ver todas as compatibilidades com a amamentação a nível alimentar, estético, medicinal), etc.

«Devias tirar-lhe a mama»

Neste momento oiço muitas pessoas amigas e até familiares dizerem que já está na altura de lhe tirar a mama. Isso incomoda-me um pouco, mas já desisti de explicar às pessoas que estou a fazer o melhor pelo meu filho e que o faço com prazer. Não tenciono «tirar-lhe a mama» como me dizem, mas sim fazer um desmame natural, sem pressões, nem traumas para o meu filho. Sei que ele vai perder o interesse gradualmente e um dia vai deixar de pedir. Resta-me aproveitar aqueles momentos só nossos que nos restam.

 

 

 

Texto: Susana Neto

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