A fibromialgia é uma doença crónica caracterizada por queixas dolorosas neuromusculares difusas e pela presença de pontos dolorosos em regiões específicas.
Embora existam diversas descrições desta doença desde há muito tempo, ela apenas foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como doença no final da década de 70.
A fibromialgia é uma doença crónica mas os seus sintomas variam em intensidade e podem mesmo desaparecer ou diminuir temporariamente para reaparecer mais tarde. Essas variações podem estar relacionadas com mudanças de tempo, alterações hormonais, stress, depressão, ansiedade ou com um esforço maior que o habitual.
A gravidade dos sintomas torna a fibromialgia muito incapacitante, com importante impacto na qualidade de vida das pessoas afetadas. A fibromialgia atinge cerca de dois a oito por cento da população adulta. Dessa população, entre 80 a 90 por cento dos casos são mulheres com idade entre os 30 e os 50 anos.
LEIA TAMBÉM: Endometriose: A doença que se confunde com dores menstruais
Embora não haja estatísticas rigorosas para Portugal, calcula-se que cinco a seis por cento da população sofra da doença, com predomínio nas mulheres acima dos 40 anos.
Outros estudos referem em Portugal uma prevalência de cerca de 3,6 por cento de casos de fibromialgia, podendo muitos outros não estar diagnosticados. De facto, muitos dos doentes permanecem numa incerteza diagnóstica durante vários meses ou anos.
Quais as causas da fibromialgia?
Não se conhecem com rigor as causas da fibromialgia. Provavelmente inúmeros fatores contribuirão para esta doença.
A fibromialgia parece estar relacionada com uma desregulação de determinadas substâncias do sistema nervoso central.
O stress, algumas doenças imunológicas e endocrinológicas, um trauma físico (cirurgia, acidente de viação, etc.) ou um trauma psicológico (morte, divórcio), parecem contribuir para o desenvolvimento ou manutenção desta situação clínica.
Estão descritos alguns casos de fibromialgia que começam depois de uma infeção bacteriana ou viral, um traumatismo físico ou psicológico.
Como se manifesta a fibromialgia?
O sintoma mais importante da fibromialgia é a dor, que pode afetar uma grande parte do corpo.
Em certas ocasiões a dor começa de forma generalizada mas pode afetar regiões específicas como pescoço, ombros, região lombar, etc.
LEIA AINDA: Síndrome dos Ovários Poliquísticos: O medo de não conseguir engravidar
A dor da fibromialgia pode ser descrita como uma sensação de queimadura ou mal-estar. Por vezes podem ocorrer espasmos musculares.
Os sintomas podem variar em relação à hora e ao dia, podendo ser mais frequentes de manhã, agravam-se com a atividade física, com as mudanças climáticas, com a falta de sono e o stress, etc.
Além da dor, a fibromialgia pode causar sensação de formigueiro e inchaço nas mãos e pés, principalmente ao levantar da cama, bem como ocasionar rigidez muscular.
Outra alteração da fibromialgia associada à dor é a fadiga, que se mantém durante quase todo o dia com pouca tolerância ao esforço físico.
As pessoas com fibromialgia queixam-se com frequência de ansiedade, perturbações da atenção, concentração e da memória.
Alguns doentes têm queixas gástricas e cólon irritável.
Cerca de 70 por cento dos doentes com fibromialgia queixam-se de perturbações do sono, piorando as dores nos dias em que dormem pior.
Como se diagnostica a fibromialgia?
Uma vez que não existe nenhum exame ou análise que permita a confirmação do diagnóstico de fibromialgia, este baseia-se na história clínica e na observação médica que coloque em evidência um conjunto de pontos dolorosos associados à fadiga, às perturbações do sono e às alterações emocionais.
LEIA TAMBÉM: Dia da Consciencialização para a Osteogénese Imperfeita: A doença dos ossos de cristal
Os critérios atuais de diagnóstico são a presença com duração superior a três meses de dor difusa pelo corpo, dor à apalpação de 12 de 18 pontos dolorosos e, pelo menos, mais dois dos quatro sintomas seguintes: fadiga, alterações do sono, perturbações emocionais, dores de cabeça.
É essencial excluir outras doenças que possam causar estas queixas, como as lesões musculares, alterações do sistema imunológico, problemas hormonais e doenças reumáticas. Como tal, devem ser realizados todos os exames que sejam necessários. No caso da fibromialgia todos esses exames e análises deverão ser normais.
Como se trata a fibromialgia?
A fibromialgia não tem cura. Com o passar dos anos, o doente tende a piorar, se não houver condições para um adequado tratamento, adaptação ou perante a ausência da ajuda de terceiros nas diversas tarefas diárias.
Não existe nenhum medicamento específico e o tratamento deve ser multidisciplinar e adaptado a cada doente e à fase em que se encontra.
Os analgésicos, relaxantes musculares, antidepressivos, em alguns casos anti-inflamatórios podem ser úteis em algumas fases da doença.
Mais recentemente, têm sido aprovados novos medicamentos que ajudam a controlar os sintomas da fibromialgia e que atuam sobre algumas substâncias químicas cerebrais. A sua prescrição deve ser sempre realizada pelo médico.
Para melhorar o estado físico e psíquico, os doentes devem praticar exercício físico, de preferência com um programa adaptado à sua condição física, seja em ginásio ou em piscina.
São igualmente úteis as massagens, aplicações de calor, fisioterapia e/ou acupunctura e técnicas de relaxamento.
A higiene do sono e uma alimentação equilibrada devem também fazer parte dos hábitos diários.
É importante controlar o stress e tentar adaptar o estilo de vida às variações de energia e aos sintomas da fibromialgia.
É também fundamental que o doente se sinta apoiado no seu ambiente familiar, social e profissional.
Como se previne a fibromialgia?
Não existe prevenção conhecida para esta doença.
Fonte: CUF