Que a vida muda radicalmente quando um filho nasce já todos sabemos. Agora, ninguém me disse que o maior desafio era tentar manter saudável a relação com o meu marido. O meu casamento não resistiu e os meus filhos são os culpados.
Nunca pensei que ele não aguentasse a pressão. Que eu não soubesse controlar a situação. Que os meus filhos contribuíssem, ainda que inconscientemente, para a nossa separação. Foram anos de muita dor e discussão. Muita distância. Esquecemo-nos da importância do namorar, do beijar com paixão, do passear de mãos dadas…
Infelizmente tenho dois filhos, um rapaz e uma rapariga, com feitios muito complicados. Até acho que são uma boa mistura do pai e da mãe. Têm apenas um ano e meio de diferença e logo aí começaram os problemas. Quando nasce o primeiro filho, apesar das dificuldades da maternidade, vivemos um sonho, tudo é maravilhoso. Quando nasce o segundo e se junta a um irmão que ainda é praticamente bebé… O stress instala-se e bem!
Birras diárias. Comportamentos inadmissíveis a toda a hora. A educação que lhes dava era questionada por ele a toda a hora. Ele trabalhava por turnos, por isso era eu que passava mais tempo com eles. “Os nossos filhos fazem o que querem de ti! Qualquer dia não tens mão neles!”, dizia-me ele vezes sem conta sem qualquer peso na consciência. Era EU que ficava sozinha. Era EU que fazia TUDO!
Os miúdos foram crescendo e eu pedia-lhes tanto para se acalmarem, para ajudarem a mamã… Andava exausta e eles abusavam de mim. Não soube educá-los e eles estragaram o meu casamento.
Hoje arrependo-me de não ter sido mais rígida e exigente. Deixei-me levar pelas imposições dos meus filhos. Fazer-lhes as vontades só os estragou a eles e a nós. Mas o tempo já não volta atrás… E eu sinto-me culpada…
Texto: Leonor Carvalho