Quem acompanhou a história desta nossa gravidez, sabe o quanto a perda do gémeo do Manuel nos marcou. Embora a Ciência considere que o outro bebé nunca existiu, pelo facto de que o seu coração deixou de bater muito cedo (perto das 11 semanas), para a nossa família este bebé existiu, tem um nome (ainda que meramente simbólico, mas foi importante dar-lhe um nome, principalmente para os irmãos) e fará sempre parte da nossa história, da história do Manuel.
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Será possível sentir falta de um bebé que nunca nasceu? É sim. E a falta do Salvador foi sentida e verbalizada por todos cá em casa, principalmente nos primeiros dias.
O Manuel saberá sempre que teve um irmão gémeo. Não faremos disso um drama familiar, mas sim una memória a ser recordada com muito amor e muito carinho.
Todos nós, pais e irmãos, sentimos necessidade de fazer algo que pudesse simbolizar a sua passagem na nossa vida. Sabemos também que será importante para o Manuel sentir que este bebé foi real para todos, que a sua história foi real e acolhida por todos nós.
Ao mesmo tempo queríamos também que ele pudesse ter algo que simbolizasse a passagem dessa pessoa tão importante que partilhou com ele os primeiros meses da vida intra uterina…
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Mais uma vez, é importante referir que não vamos fazer deste episódio uma memória dramática para ninguém, principalmente para o Manuel, mas sim mais um capítulo de amor na nossa vida. Que não queremos incutir no Manuel um sentimento de falta, mas sim de pertença (a uma família maravilhosa). Que não queremos que carregue nos ombros a dor dessa perda, mas antes que carregue no coração esse amor para a vida toda.
Assim, resolvemos partilhar convosco, que nos acompanharam e acarinharam nos momentos difíceis, esta foto, que será o símbolo de tudo aquilo que queremos preservar.
Texto: Cátia Godinho do projeto A Nossa Mãe é Enfermeira
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