Catástrofes naturais, ataques terroristas, dramas familiares… tudo é motivo de curiosidade para os mais novos. E devemos nós pô-los a par do que se passa no mundo e no seio familiar? A psicóloga Catarina Mexia explica.
Sim, devemos. Mas há formas específicas para o fazer e a psicóloga pediátrica Catarina Mexia, no programa Agora Nós, da RTP1, explicou a forma indicada de o fazer.
Em primeiro lugar, não podemos transparecer preocupação. A forma como abordamos a criança é fundamental para como ela vai receber as notícias. «Quando são muitos jovens, eles são contaminados pelo nosso estado emocional. Eles percebem até ao nível do nosso olhar», explicou a especialista no programa da estação pública.
Acima de tudo, temos de adaptar a linguagem à idade da criança e temos de estar aptos para qualquer pergunta que a criança possa fazer. «Temos de descer ao nível dela e deixá-la expressar-se na medida das suas necessidades», continua. «Até aos 11 anos devemos ter estes cuidados porque a capacidade que as crianças têm de se pôr no lugar do outro de se descentrarem em relação às suas necessidades ainda é “limitada”», acrescenta.
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Só devemos explicar às crianças o que elas nos questionam?
«Se as crianças não tiveram a perceção clara do que se passou, não adianta estar a assustá-las», realça a psicóloga pediátrica Catarina Mexia.
E então, desde que altura é que os mais pequenos devem ver, por exemplo um telejornal, onde aparecem notícias de todos os tipos? «Hoje em dia é muito difícil tirarmos ou filtrarmos as crianças completamente desta realidade. O acesso à informação ou desinformação é muito difícil de controlar», acrescenta.
Então, é normal que os pais expliquem o que se passa no mundo, mas da forma mais natural possível.