Família

Custódia Gallego sobre a morte do filho: «É impossível deixar de ter saudades constantemente»

Andreia Costinha de Miranda
publicado há 4 anos
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Custódia Gallego é uma das atrizes mais acarinhadas pelos portugueses. Atualmente, veste a pele de Matilde, na trama Nazaré, transmitida todas as noites na SIC.

Com uma carga dramática forte, esta personagem é um desafio para a consagrada artista que, nos últimos anos, tem habituado o público a registos mais cómicos.

«Para mim, o meu trabalho de construção de personagem nas novelas é diferente das outras áreas – cinema e teatro -, porque vai chegando. Eu tenho que a construir e que a conhecer bem antes. Depois os acontecimentos vão chegando quase como se fosse eu», diz ao site Crescer.

E continua: «Todos os dias nós não sabemos o que nos vai acontecer e foi assim que construí a Matilde. Acho que me correu bem porque não tive muitos momentos em que não sabia o que sentir, não sabia o que é que havia de fazer, não sabia como é que havia de responder… Claro que eu trabalho muito em casa, mas também teve a ver com a minha construção prévia sobre aquela personagem que tinha uns dados específicos. Depois foi só ir adaptando, no dia-a-dia das cenas, para deixar viver aquela mulher dentro de mim», disse.

«A saudade é muita»

Matilde, de Nazaré, é uma personagem sofrida e Custódia Gallego passou, também na vida real, o momento que nenhuma mãe e nenhum pai deviam viver: a morte de um filho.

Em agosto de 2018, aos 31 anos, Baltazar, produtor e DJ, mais conhecido no universo musical como Razat, morreu vítima de cancro.

Custódia conversou com o site Crescer sobre esta perda inigualável. «A saudade é muita. Eu digo saudade porque toda a gente conhece essa palavra, mas é muito mais parecida com a necessidade. Necessidade mesmo de perguntar sobre dúvidas de música que eu tenho, porque fiz não sei o quê, dúvidas de cena que eu fiz, dúvidas do que é que ele vai fazer e portanto tenho saudades disso. Disso tudo… Tudo… que é muito», desabafa.

 

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don’t even try to take my dubs !!!??? #exclusive #tunes #dnb #dnblife ? by @ctrlnproducoes

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Para a atriz, o “segredo” para o pensamento se “afastar” dessa saudade dolorosa é distrair-se o mais possível. «O que é bom para mim é focar-me. O pior são os intervalos, que eu tento que não sejam muitos e que eu espero que cada vez sejam menos. Acabo por divagar muito, divagar no sentido de ser impossível quase deixar de ter saudades constantemente, porque ele viveu muito tempo comigo. São 31 anos de vida! Ele deu-me muito, e portanto, faz-me falta muita coisa», realça.

«Papel de mãe e papel de avó? Claro que é tudo diferente»

O site Crescer encontrou Custódia Gallego num evento dedicado à maternidade e aos mais pequenos. A atriz foi acompanhada pelo neto, Martim, de quase um ano.

«Eu com os meus filhos nunca fiz isto, agora no papel de avó não sei o que é que me está a dar», diz com um sorriso.

E qual a diferença entre o papel de mãe e o papel de avó? «Se não fosse diferente não tinha designações diferentes. Claro que é tudo diferente. Nós somos mais maduras, crescemos, aprendemos muita coisa com o dia-a-dia de mãe, de profissional, como mulher… Eu aprendi muito também com os meus filhos já adultos. Neste papel de avó vamos experimentar tudo o que não experimentámos antes», garante.

Custódia Gallego com o neto, Martim, de quase um ano de idade

E será que os avós “estragam” os netos? «Não acho isso», diz perentória. E explica porquê! «Estragar é o quê? Dar muito mimos? Para mim não há mimo a mais. É fazer o que eles querem? É impossível que alguma avó faça o que eles querem se é algo contra eles, não é possível», realça.

«Tu já sabes que és capaz de ser mãe, por isso vais com certeza ser uma ótima avó»

Custódia foi mãe de dois rapazes: Baltazar e Rafael. Por isso mesmo, sabe que num segundo filho tudo é desdramatizado… tal como o é no papel de avó. «No segundo já não vamos ter os medos que tínhamos no primeiro. Estamos mais confiantes e sabemos do que somos capazes. E a avó tem isso também. Tu já sabes que és capaz de ser mãe, por isso vais com certeza ser uma ótima avó. Muito melhor do que foste mãe, provavelmente… eu acho».

E no que diz respeito aos momentos entre avó e neto, Custódia emociona-se. «As atividades boas e gratificantes de todos os seres humanos são as que fazem com que tu te foques só naquilo e não tenhas a tua cabeça a voar por outros lados, como são exemplo as tuas preocupações, o teu corpo a queixar-se… Portanto, um neto foca e portanto é um tempo muito bem passado», finaliza.

 

Fotos: Arquivo Impala e Helena Morais

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