Nunca soube o que era ter um pai de verdade. As poucas memórias que tenho dele não são as melhores. Mas fui e sou muito feliz sem ter crescido com ele. E, por isso, já decidi: quero ter um filho sem pai.
Esta decisão pode chocar muita gente, mas sempre fui uma pessoa determinada e ponderei muito sobre o assunto. Estou perto dos 40 anos e nunca encontrei o homem da minha vida. Talvez porque não dou oportunidade a qualquer um. E já conheci muitos homens na vida… Sou profissionalmente realizada e viajo imensas vezes ao longo do ano.
No fundo sei bem o que a minha mãe sofreu enquanto esteve casada com o meu pai. Eu e a minha irmã também não escapámos às ondas de raiva dele depois de se meter no álcool. Mas isso agora não interessa nada. O que está em causa é que ele não me fez falta nenhuma até hoje. A minha mãe soube bem dar conta do recado. E eu acho que também serei capaz de ser mãe solteira.
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Há quem diga que eu fiquei com o trauma e com uma péssima imagem da figura paterna. E isso também contribui para que eu raramente queira conhecer melhor um homem, dar-lhe oportunidade de me conhecer… Mas acredito que não haja homens perfeitos e que crescer sem pai pode não ser assim tão mau.
Também acredito que haja mil opiniões sobre o assunto e até gostava que partilhassem comigo o que acham e que conselhos me dariam a quem não conhece a mesma realidade que eu… Mas quero muito ser mãe e JÁ! Não vou esperar para encontrar o meu príncipe, porque príncipes só nas histórias de encantar.
Texto: Inês Furtado