Saúde

Cancro da Mama: Mastectomia por engano destrói a autoestima de mulher

Redação
publicado há 5 anos
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Susana Tomé estava grávida do segundo filho quando descobriu que tinha cancro da mama. Aceitou fazer uma mastectomia à mama direita e quando acordou da anestesia tinham-lhe retirado os dois seios, deixando-a com uma fisionomia desfigurada.

Foi no programa de Júlia Pinheiro, na SIC, que Susana Tomé recordou a vida que tinha antes do alegado erro médico. «Sempre fui muito ativa, adorava aquilo que fazia. Era muito vaidosa e elegante», começa por contar aquela que nunca esperou ouvir o pior dos diagnósticos em plena gravidez, uma das fases mais bonitas e felizes da vida de uma mulher.

A jovem, que foi obrigada a retirar o silicone que tinha colocado anos antes, ultrapassou um período muito difícil e complicado e não esconde a emoção ao recordar tudo o que viveu. Quando descobriu que tinha cancro da mama, Susana fez seis ciclos de quimioterapia e 30 sessões de radioterapia. Mas o pior ainda estava para vir.

Bastante debilitada e com o sistema imunitário frágil, Susana viu o seu estado de saúde agravar-se quando começa a sentir uma dor ligeira no ouvido, que viria a tornar-se uma otite média maligna. Os médicos estavam receosos, mas a jovem sentia-se «adormecida».

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«Não tive medo, porque estava num estadio em que só estamos a dormir. Um patamar estranho, estamos calmos, a dormir, porque não sentimos mais nada. Também estava medicada… Não conseguia andar, porque perdi o equilíbrio. Perdi a audição a 100 por cento nessa altura do ouvido direito. Mais tarde vim a recuperar e hoje já oiço alguma coisa. Fiz várias transfusões de sangue», recorda.

A vida de Susana estava em risco, mas a própria não tinha bem noção disso. «A minha própria médica ficou aflita, porque não me via a morrer do cancro da mama… E a minha vida estava por um fio…»

Susana contou com o apoio incondicional da família. Os filhos eram a sua inspiração de vida.

Acordar sem as duas mamas

Seis anos depois do diagnóstico e recuperada do cancro, Susana decide reconstruir o peito. «Depois de muita guerra… Foram dois anos para decidir o que fazer. Deveria ter sido um procedimento normal… Para reconstruir uma mama, deveria ser submetida a uma mastectomia bilateral. Mas a mama esquerda não tinha absolutamente nada. Mas eu não queria aceitar, não tinha estrutura psicológica e tinha direito ao meu seio esquerdo, que estava normal», recorda aquela que assinou, em 2015, o primeiro consentimento informado para ser feita a mastectomia total, da qual decidiu desistir.

Pouco tempo depois assinou o segundo, que deveria ter sido considerado válido, a autorizar apenas a mastectomia à mama direita.

«Nunca percebi por que razão acordei sem os dois peitos. Mais tarde tive conhecimento, através do relatório do IGAS (Inspeção-Geral das Atividades em Saúde), que foi o próprio doutor Álvaro que decidiu fazê-lo. Ele chegou e pediu automaticamente uma maca à esquerda para começar a fazer a mastectomia. Foi avisado pela enfermeira e anestesista que não era à esquerda, era à direita. Mas ele ignorou. Toda a gente sabe disto, está escrito no relatório. Ele ignorou, foi ao computador e fez simplesmente o que quis. Não o conhecia absolutamente de lado nenhum», relatou Susana, sem poder adiantar mais pormenores, porque o caso está a ser investigado.

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O pós-operatório foi doloroso. Susana foi surpreendida com o desaparecimento dos dois seios e com uma fisionomia completamente desfigurada. «Fiquei completamente desorientada, chamei o meu advogado e alguém do bloco operatório. Exigimos o relatório e chamámos a polícia. A PSP estava lá e informou o Ministério Público. Tem de ser assim, porque muita coisa pode desaparecer…», explica.

O caso está agora a ser investigado e Susana Tomé aguarda por justiça. «Não lhes vou perdoar, principalmente as mentiras», desabafa.

Saiba mais sobre esta história e a opinião da advogada Íris Baptista aqui.

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