Sempre fui uma mãe descontraída. Nunca tive dramas de maior e sempre achei que quando o meu filho chegasse à pré-adolescência, que o meu comportamento seria o mesmo. E foi! Até ao dia em que vi o que ‘não devia’.
Era fim de semana e estávamos a preparar-nos para ir a um centro comercial. Depois de termos tomado o pequeno-almoço, cada um foi-se arranjar para irmos ‘à nossa vida’.
Despachei-me e fui para a sala à espera dele. Pré-adolescente que se preze, demora a escolher a roupa, a pentear-se, a pôr perfume, etc, etc, etc. Chamei-o e perguntei se demorava. Respondeu-me que estava quase. Mas esse ‘quase’ demorou muito tempo.
Levantei-me para ir à casa de banho, a achar que o meu filho, de 13 anos, estava no seu quarto. E não estava! Estava na casa de banho, sentado na sanita, a masturbar-se. Nesse instante, começou a gritar comigo, num misto de raiva e vergonha.
Fechei a porta e não soube bem o que fazer, o que dizer, como reagir… sentei-me no sofá e esperei. Esperei que ele chegasse ao pé de mim e me dissesse alguma coisa. Nesses instantes tudo me passou pela cabeça. Peguei no telemóvel e comecei a pesquisar o tema ‘sexualidade+adolescente’. A teoria é toda ótima. O pior é pôr em prática.
Muito tempo depois chegou ao pé de mim, sem me enfrentar olhos nos olhos e só disse: «Vamos!» Não falámos mais até chegar ao carro. Até que puxei conversa. «Filho, a mãe quer-te pedir desculpa por ter entrado na casa de banho de repente. Mas não sabia que estavas lá!» Ficou em silêncio! «Amor, podemos falar sobre o assunto! A sexualidade é algo normal e natural. Não tens de ter vergonha». Continuou em silêncio. Falei, falei, falei e ele nunca abriu a boca.
Disse-lhe que se não se sentia à vontade para falar comigo, que o pai depois iria explicar-lhe tudo sobre o assunto. Não falou!
Tinha ‘vergonha’ escrito na testa. Foi apanhado pela mãe num momento mais íntimo. É compreensível. Tentei reagir naturalmente, mas confesso que me senti mal porque não estava preparada para este momento. Acho que se os jovens não estão preparados para a sexualidade, os Pais também não são preparados para abordar o tema com os filhos.
Falha nossa? Talvez! Aconselho a todos os Pais a falarem com pediatras, psicólogos, para averiguarem a forma de abordar o tema com os mais novos.
Hoje, depois de algumas semanas ‘de vergonha’ e depois do meu marido ter falado bastante com o meu filho sobre o assunto, a sexualidade deixou de ser um tema ‘tabu’ cá em casa. E ainda bem…
Texto: Sofia Braga