Todos passamos por uma primeira perda na vida… a perda de um ente querido. No meu caso, o primeiro foi meu avô materno, e alguns anos depois, a minha avó materna (os meus avós paternos faleceram antes de eu nascer).
É sempre difícil entender que nunca mais ouviremos aquela voz familiar, ou sentiremos o calor daquele abraço tão querido. Lidar com perdas tão significativas é muito doloroso.
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Porém, no dia em que nós nos tornamos mães e presenciamos a dor e o inconformismo da primeira perda pela qual o nosso filho está a passar, sentimos o grande peso da impotência deles e pequenez diante dos mistérios da vida e da morte.
Hoje perdemos uma pessoa da família, uma pessoa que sempre esteve presente em todos os momentos das nossas vidas. Esta é a primeira perda de uma pessoa próxima para minha filha Babi, de 11 anos, numa fase em que ela tem noção do que é a morte (perdeu a bisavó muito pequenina).
Ela está triste, chora e pergunta-me: «Porquê?». Uma frase tão curta que comporta milhares de respostas. E nós temos que explicar que a vida é um ciclo. E que quando esse ciclo termina, morremos. Simples e complexo assim.
Mas ela continua a questionar-me com seus “porquês” inconformados. Não há resposta certa. Não há resposta coerente para os mistérios da morte.
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Dói muito sentir a dor da minha filha. Mas ela tem que passar por isto, pois também faz parte do mundo de “gente grande” em que ela está prestes a entrar. É tão mais fácil explicar para a minha pequena de dois anos que «A Dedé virou estrelinha…» É lindo, é poético e é verdadeiro também.
O facto é que perder alguém deixa cicatrizes na alma. E essas cicatrizes fazem e farão parte do amadurecimento da minha mini- mulherzinha.
Vamos então, filha amada, passar por isso juntas algumas vezes ao longo desse ciclo. Vem aqui, dá-me um abraço e vamos chorar essa tristeza juntas. Isso irá tornar-nos mais unidas e mais fortes.
Texto: Marcella Bisetto, mãe, advogada e escritora apaixonada
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